et al. Saúde perinatal: baixo peso e classe social. Rev. Saúde públ, S. Paulo, 25: 87-95, 1991. Estudou-se, em Ribeirão Preto, SP, Brasil, no período de 1 o de junho de 1978 a 31 de maio de 1979, 98% do universo de nascidos vivos, totalizando 8.878 crianças nascidas de parto único. As taxas de baixo peso e de peso deficiente ao nascer foram de 7,5% e de 21,1%, respectivamente. A maioria dos nascimentos de baixo peso eram crianças a termo, 50,6%, representando casos de retardo de crescimento intra-uterino. A prevalência de baixo peso nas classes sociais foi de 3,2% na burguesia empresarial, 2,8% na burguesia gerencial, 3,9% na pequena burguesia, 7,0% no proletariado e 9,5% no subproletariado, o que demonstra uma profunda disparidade. Definindo-se o baixo peso como menor ou igual a 2.500 gramas e comparando os resultados alcançados (8,3%) com os de outro estudo clássico (8,7%), observou-se que não houve redução estatisticamente significativa na prevalência de baixo peso em Ribeirão Preto, no intervalo de uma década.Descritores: Baixo peso ao nascer. Fatores sócio-econômicos. Levantamentos epidemiológicos.
IntroduçãoA maioria dos pesquisadores concorda quanto ao fato de que o baixo peso ao nascer é, isoladamente, o fator mais importante que afeta a mortalidade perinatal e neonatal, além de ser um determinante significativo da mortalidade infantil pós-neonatal 5,8,23,24,25 . A literatura mostra que há uma variação muito grande na prevalência de baixo peso ao nascer entre países e mesmo entre populações dentro de cada país, considerando essas diferenças regionais como decorrentes da situação de desenvolvimento econômico de cada realidade concreta 16 .Em 1980, a Organização Mundial de Saúde (OMS) 27 mostrou que de 125 milhões de crianças nascidas no mundo, em 1979, 20 milhões (16%) tinham baixo peso ao nascer e que mais de 90% destas nasceram em países subdesenvolvidos. Isto em função não apenas da maior taxa de natalidade desses países mas, principalmente, pela prevalên-cia mais alta de baixo peso ao nascer. Nesse citado estudo, os dados para o Brasil mostram a média de peso ao nascer variando entre 3.170 e 3.298 gramas, com uma prevalência média de baixo peso de 9%. Outros dados da OMS 28 indicam uma percentagem de baixo peso ao nascer no Brasil, de 8,7%, em 1979, e de 9,0%, em 1982.Outro estudo 16 confirma que as taxas mais altas de baixo peso são reportadas para a Ásia, onde na India temos, em média, 30% de baixo peso, e as mais baixas nos países desenvolvidos, como por exemplo a Suécia, que apresenta taxa de 3,6%.Alguns trabalhos conduzidos no Brasil atestam para a importância do problema do baixo peso ao nascer. Os dados para o Município de Ribeirão Preto, SP, nos dois anos da Investigação Interamericana de Mortalidade na Infância 21 (1968 a 1970), foram de 8,7% de baixo peso e 23,4% de peso deficiente. Para o Município de Recife, PE, em 1974, as estatísticas mostram uma situação ainda pior, em um estudo realizado em três maternidades: 14,6% de baixo peso e 33% de peso deficiente 12 . Outra pesquisa, realizad...