Este artigo objetiva analisar os marcadores em âmbitos nacional, regional e global referentes aos 25 anos da Conferência Internacional de População e Desenvolvimento (CIPD), celebrados em 2019. A partir da identificação dos temas, atores, instituições e estratégias que constituem este processo, com especial ênfase analítica nos movimentos políticos da sociedade civil brasileira que atuam no interior do escopo programático desta agenda, o texto problematiza as possibilidades, avanços, lacunas e desafios da implementação da CIPD nacionalmente, no atual contexto político e social brasileiro. O tema populacional está presente no escopo de atenção das Nações Unidas desde os primórdios de sua fundação, em 1945, refletindo o campo de tensão geopolítico e as preocupações governamentais que se inscrevem em perspectiva histórica, sendo, já no ano seguinte de sua criação, constituída a Comissão de População da ONU (BERQUÓ, 1999, 2014). Um eixo constitutivo dos estudos que analisam este processo ancora-se na afirmação de que crescimento populacional e a relação fecundidade/crescimento econômico são os elementos centrais de estruturação dos acordos entre os países no interior desta agenda. Em âmbito nacional, este foi um dos eixos centrais de modulação das políticas pré-Conferência Internacional de População e Desenvolvimento CIPD 1994, que ancoraram-se ora numa perspectiva controlista, ora em ações pró-natalistas.