Interações predatórias entre Pholcus phalangioides (Fuesslin) (Araneae, Pholcidae) e Loxosceles intermedia Mello-Leitão (Araneae, Sicariidae)

Abstract

A co-ocorrência de Pholcus phalangioides (Fuesslin, 1775) e de Loxosceles intermedia Mello-Leitão, 1934 no intra e no peridomicílio somada à natureza araneofágica e invasora de teias de P.phalangioides sugere que ambas as espécies tenham desenvolvido algum padrão de interação interespecífica. Assim, objetivou-se caracterizar essa interação e avaliar a eficiência de P.phalangioides como predador de L.intermedia. Foram realizados cinco experimentos laboratoriais visando quantificar os padrões motores utilizados na captura de diferentes presas, preferência alimentar, influência do regime alimentar no desenvolvimento pós-embrionário e aspectos de colonização pelas duas espécies. A predação de L.intermedia foi maior apesar de P.phalangioides ser até cinco vezes mais leve. Além de nem todas as espécies do gênero Loxosceles serem predadas em igual proporção, diante de diferentes presas P.phalangioidespreferiu os insetos em detrimento de L.intermedia, sugerindo ser a araneofagia um item complementar na sua dieta. Provavelmente apenas a presença de P.phalangioides no ambiente antrópico não seja o suficiente para a manutenção das populações de Loxosceles em níveis que não causem riscos a saúde humana, porém a co-existência já confere a necessidade de uma partilha de recursos e deve ser considerada em ações de manejo.

Diagnóstico do loxoscelismo no município de Ibirama, Santa Catarina, Brasil

“…Ressalta-se que no presente estudo não foi realizado o levantamento da aracnofauna urbana, cuja ausência tem sido atestada como fator potencial do sucesso de ocupação de ambientes antrópicos [9,26]. A presença de aranhas da família Pholcidae [27] e Theridiidae [28] evidenciaram relações negativas com o tamanho da população de aranhas do gênero Loxosceles, cuja manutenção no ambiente provavelmente se constitui de auxiliar o controle [48], demandando, assim a continuidade de estudos em Ibirama abordando essa vertente.…”

“…O diagnóstico das populações de Loxosceles no município seguiu os protocolos já aplicados em Curitiba [9], Rio Branco do Sul [27] e União da Vitória [9], cuja principal característica consistia de utilizar o método de 1 min de procura ativa por ambiente. Os pontos de coleta foram distribuídos na área urbana (em um raio de até 5 km do centro do município) e rural (a partir de 5 até 20 km de distância do centro).…”

“…Com intuito de complementar o mapeamento das espécies no município, a fim de apresentar um perfil mais real, foram inclusos espécimes obtidos por encontros ocasionais. Como medida comparativa, foram considerados os dados obtidos do município de Ibirama e relacionados aos dados publicados para Florianópolis, Curitiba e Rio Branco do Sul [4,9,26,27].…”

“…Embora Curitiba apresente um panorama preocupante para saúde pública comparativamente já foram realizados diagnósticos em Rio Branco do Sul [25] e União da Vitória [26], ambos no Estado do Paraná, cuja menor ocorrência de aranhas foi relacionada a fatores como presença de outras espécies de aranhas que poderiam se constituir de potenciais predadores e competidores (Pholcidae [27] e Theriididae [28]) e do costume da população. Os diagnósticos já realizados no estado do Paraná levaram ao questionamento de qual é o perfil epidemiológico em que se encontra o estado de Santa Catarina, principalmente a região nordeste, uma vez que já despontam análises epidemiológicas de acidentes com aranhas em Curitibanos [29], Chapecó [30,31], no extremo oeste do estado [32,33] Diante desse cenário, o presente estudo teve como objetivo diagnosticar o loxoscelismo, englobando tanto análise de riqueza e abundância das aranhas amostradas na cidade, quanto por meio da análise de notificações oficiais dos acidentes na região visando discutir a situação do município de Ibirama com base em dados bibliográficos.…”