Este artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que a publicação original seja corretamente citada. No campo historiográfico, nestes países latinoamericanos, inicialmente foram produzidas interpretações opostas para compreender o desenvolvimento da questão social. Se no Chile foi interpretada como uma conquista operária resultante da força do movimento político-sindical; no Brasil, pelo contrário, o mesmo fenômeno foi entendido como uma "dádiva" estatal-populista, produto da passividade operária. Posteriormente, estas leituras clássicas foram questionadas por perspectivas que mostraram uma relação entre movimento operário e Estado muito mais complexa que terminou por redefinir ambos os termos. Assim, revisitar criticamente estas interpretações é um exercício que permite uma aproximação ao como as ciências sociais formam parte das lutas que elas descrevem.Palavras-chave: questão social; Chile; Brasil; ciências sociais Abstract: How did the social sciences understand the social question in Chile and Brazil during the twentieth century? In the historiographical field of these Latin American countries, conflicting interpretations were initially produced to understand the ** Este artigo é uma versão modificada e ampliada do capítulo 1 da tese de doutorado em Sociologia "Favelados e Pobladores nas ciências sociais: a construção teórica de um movimento social" (2014) defendida no IESP-UERJ. Sua redação foi possível graças ao projeto FONDECYT 11140336. O autor agradece ao professor Adalberto Cardoso pelo estímulo para desenvolver o argumento deste texto numa distante primeira versão, e também à Magdalena Toledo pela revisão do português, porém qualquer erro é de exclusiva responsabilidade do autor. ** Sociólogo. Professor da Universidade Alberto Hurtado (Chile).