Entre paredes e redes: o lugar da mulher nas famílias pobres

Abstract

Resumo: Em que medida a desigualdade de gênero pode incidir sobre a condição de pobreza e as formas de proteção das famílias? Essa é a questão norteadora deste texto. Trata-se de pensar qual o lugar da mulher nas famílias pobres. No espaço doméstico, essas mulheres, ao assumirem a identidade de mães, se tornam as principais responsáveis por prover e cuidar de sua família e, mesmo habitando espaços desiguais, criar alternativas constituindo redes de apoio e proteção para driblarem as inseguranças sociais.Palavras-chaves: Pobreza. Desigualdade. Gênero. Famílias. Proteção social. Abstract:To what extent may gender inequality fall over the situation of poverty and the ways of protecting the family? This is the main question of this text. It discusses women´s place in poor families. In the domestic sphere, these women, taking over the identity of mothers, become primarily responsible for providing and caring for their families, and even when they live in uneven spaces, they create alternatives to have support and to protect from social insecurities.

Subjetividades de beneficiárias do Programa Bolsa Família em contexto rural

“…Com relação à "família extensa", ela funciona como uma rede social primária solidária para o auxílio ao enfrentamento da pobreza (MARTINEZ RAVANAL, 2006). O papel da mulher nesta "rede social feminina" é estratégico e está vinculado à tarefa de cuidar dos filhos (AZEREDO, 2010). São também observadas estratégias familiares solidárias, como dividir gastos de comida, plantio e comercialização conjunta de produtos, troca de apoio material (comida, dinheiro, roupas) e cuidado coletivo com as crianças.…”

“…Por esta razão, a função de cuidado--educação das crianças do lar torna-se uma tarefa muitas vezes compartilhada por uma rede de mulheres de confiança da família ou da comunidade. Azeredo (2010) também vai destacar o papel central da mulher como primeiro vínculo entre a família e os programas sociais. Este fenômeno é destacado também por Gomes (2011), no caso do PBF, sendo a mulher a beneficiária por excelência do programa e vínculo fundamental com as principais instituições operadoras da política no território (posto de saúde, escola e centro de assistência social).…”

Maternidade e trabalho na perspectiva de mulheres e seus companheiros : um estudo empírico fenomenológico

“…O aumento das famílias monoparentais chefiadas por mulheres, ou mesmo famílias de camadas sociais menos favorecidas, coloca as mulheres em situação de pouca ou nenhuma escolha, uma vez que é o seu trabalho que viabiliza a subsistência de suas famílias (Azeredo, 2010). No entanto, nem toda mulher necessita trabalhar para fazer face às despesas do lar, e essa é uma das razões que lhe possibilita decidir se quer ou não trabalhar fora de casa e, se quer, como o deseja fazer.…”

Gênero e direitos humanos na assistência às mulheres em situação de violência doméstica de gênero na Atenção Primária à Saúde

“…As mulheres continuam a ampliar sua participação no mercado de trabalho, obtendo o sustento da família mesmo em trabalhos precários, mal remunerados, desvalorizados, recebendo cerca de 30% menos que os homens e chefiando 25% das famílias pobres brasileiras. A situação de vulnerabilidade das mulheres é maior que a dos homens, principalmente quando assumem sozinhas a chefia da família, e dificilmente gozam de oportunidades de ampliação de seus rendimentos (Azeredo, 2010). As ocupações mais frequentes entre as mulheres são a de costureira, faxineira, balconista, professora, auxiliar de escritório, vendedora autônoma e de lavadeira, entre outras (Brasil, 2011).…”

“…Apesar da existência de políticas públicas, elas se mostram insuficientes para garantir a autonomia pessoal e econômica das mulheres, principalmente quando há falta de equipamentos sociais como creches e escolas, entre outros. Esse padrão desigual de gênero é construído no contexto social das famílias em que as mulheres se inserem como figuras centrais na esfera doméstica (Azeredo, 2010).…”