Todas as criaturas do mundo: a arte dos mapas como elemento de orientação geográfica

Abstract

Vagos em seu traçado e pródigos em figuras de seres reais ou fabulosos, a iconografia dos mapas medievais cumpria papel nada desprezível para o reconhecimento de terras virtualmente desconhecidas pela Cristandade. Em um mundo sem latitude e longitude confiáveis, os acidentes da paisagem, os povos existentes e até mesmo determinados componentes da fauna e flora poderiam transformar-se em variáveis de extrema importância para a orientação geográfica. Apesar de alcançarem maior precisão nas tentativas de representar o espaço geográfico, experimentarem considerável avanço na determinação da latitude e prosseguirem na busca de um método prático para obter a longitude, os cartógrafos da época dos Grandes Descobrimentos ainda se preocuparam em figurar elementos notáveis - imaginários ou não - capazes de auxiliar na orientação dos viajantes nas mais diferentes regiões do globo. Com a crescente expansão europeia e a autêntica revolução científica em curso no século XVII, os extensos comentários e as vistosas representações da natureza e dos habitantes dos locais perderiam rapidamente o papel de referência nos mapas seiscentistas, conservando apenas seu valor estético e econômico. A chegada do século XVIII consolidaria a definitiva transformação das ilustrações em um elemento essencialmente decorativo, sem qualquer outro papel relevante em termos cartográficos. Além de menos numerosas, as figuras amiúde tendem a uma certa estilização e acentuam seu deslocamento para a periferia dos mapas, que soem apresentar alguma ornamentação apenas nas cártulas ou cartuchos. Apesar de muitas vezes conservarem algum tipo de relação com o espaço geográfico considerado, os motivos escolhidos também podem adquirir relativa independência, havendo numerosos casos de alegorias e composições com variadas figuras mitológicas, bem como representações de caráter histórico destinadas a ressaltar o poderio de um determinado ator político.

Cannibals, Colorful Birds, and Exuberant Nature: The Representation of Brazilian Nationalism and Its Tropical Modernity in the 2016 Rio Olympics

“…As a subject state within the tropics, used by the Portuguese as a colony of natural resources exploitation, Terra do Brasil was formally named as such as an indication to one of its natural riches: Paubrasilia (Brazilwood), a twofold reference to its character as a colony of resources exploitation and to the raw material which attracted Portuguese shippers to its territory. Therefore, “from the mixture of parrots, monkeys and cannibal Indians with scenes from Brazilwood extraction was born the dominant portray of Brazil in the iconography of the sixteenth century” (Teixeira, 2009, p. 138).…”

A reviravolta estética do Brasil: de nação emergente a pária internacional

“…País que abriga a maior floresta tropical do mundo, o Brasil, desde o século XVI, cativa o imaginário ocidental como um território repleto de planícies verdes e pássaros coloridos (TEIXEIRA, 2009). Sua população, resultado de um caldeirão de diferentes etnias e culturas, é muitas vezes celebrada nacional e internacionalmente como uma democracia racial (SKIDMORE, 1974) -mesmo que a ideia tenha sido baseada em relatos romantizados, de caráter nacionalista, que ignoram as severas desigualdades dentro do país (TWINE, 2001).…”

Narrativas de viagem, história natural e circulação de saberes na primeira época moderna

“…As descrições de história natural, as múltiplas agências e interessamentos, associações entre pessoas, animais e o ambiente Os trabalhos de Dante Teixeira e Nelson Papavero evidenciaram a relação entre literatura de viagem, história natural e cartografia na produção de uma imagem do mundo pelos europeus. O conhecimento da fauna e da flora estava associado às formas de conhecer o espaço geográfico (Teixeira, 2009;Papavero, Teixeira, 2001). A obra Etiópia Oriental versa sobre diversos temas, entre eles está a história natural (descrição de animais e plantas, minérios, práticas curativas, plantas medicinais, fontes milagrosas).…”