Trata-se da apreciação da hipótese de se poder reconhecer, enquanto uma trilogia, os longas-metragens O som ao redor (2012), Aquarius (2016) e Bacurau (2019), dirigidos pelo cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho. O fio discursivo que sustenta esta expectativa é sustentado em duas hipóteses: (1) a de que o governo contemporâneo, governamentalidade neoliberal, se apoia no exercício de uma modalidade de governo antiga, o poder pastoral; (2) o de pensar que existem e convivem, no humano, dois tipos específicos de memória: a que dá sustentação ao presente e ao futuro na forma da projeção e a que demarca uma possibilidade narrativa do passado, enquanto ser ontológico; isso nas ações da escolha, do corte e do encobrimento, próprias a cada sistema de governo político-econômico-social. Com esta perspectiva de leitura, se fará o comentário dos três filmes, cotejando algumas cenas que contribuem para o argumento principal do artigo.