O objetivo deste artigo é apresentar três paradoxos envolvidos na noção de tolerância e analisar suas possíveis soluções, utilizando os resultados desta discussão para descrever um possível quarto paradoxo, relativo ao valor atribuído à tolerância pelos agentes envolvidos, que é aqui considerado como constitutivo e, portanto, insolúvel. Para isto, será apresentada uma noção estrutural da tolerância como ideal moral, discutindo-se seus elementos. Em seguida, a partir da relação com os componentes específicos desta noção, serão analisados os três paradoxos mencionados, dois muito conhecidos e um terceiro pouco discutido e ainda a ser nomeado, e suas possíveis soluções, que exigirão, respectivamente: a apresentação de argumentos em favor da tolerância, a discussão dos seus limites e uma interpretação exigente do componente de desaprovação moral daquela estrutura. Por último, partindo da discussão dos paradoxos anteriores e das suas soluções, será proposto um possível quarto paradoxo, não formulado explicitamente como tal nestas discussões, mas cujos elementos constitutivos já foram indicados desde o século XVIII, bem como apresentadas as razões da sua aparente insolubilidade.