Sobre algumas interpretações das relações entre a filosofia ockhamiana e a física dos modernos

Abstract

RESUMO:O texto traz uma análise sobre algumas das várias interpretações que defendem a existência de uma relação entre a loso a moderna e o experimentalismo e a física ockhamianas. Buscando esclarecer alguns dos pressupostos dessas interpretações, o presente artigo sugere apontar alguns de seus limites, visando a uma descrição mais acurada do problema por elas enfrentado. Já se vão quase quinze anos desde que, em meio às celebrações do quarto centenário do nascimento de Descartes, em 1996, foi organizado em Paris, pelo "Centro de história das ciências e das loso as árabes", ligado à ÉPHÉ/CNRS, um colóquio intitulado "Descartes e a Idade Média". No ano seguinte, foi publicada pela Vrin, sob o mesmo título do colóquio (BIARD; RASHED, ), uma coletânea de 24 artigos, dos quais nada menos que seis foram claramente dedicados à apresentação de "relações" entre as loso as de Guilherme de Ockham e Descartes. Podem ser somados a eles ainda outros dois, que mencionam tal "relação" de forma secundária. Para efeito de comparação, basta dizer que, entre os autores medievais, apenas Francisco Suarez e Tomás de Aquino são mais citados do que Ockham, nesse volume. A razão disso parece estar num ponto preciso, que, ainda que com ns diversos, é frequentemente retomado nas propostas de análise da relação entre a Idade Média e a Modernidade: PALAVRAS-CHAVE:Já está mais do que assente, por exemplo, que as primeiras origens da nova problemática cultural que se a rmava vigorosamente no século XVII devessem ser procuradas no empirismo da escola de Ockham, na identi cação ockhamista do conhecimento com a cognitio sperimentalis (sic), no nominalismo: em todas aquelas doutrinas que contribuíram para colocar em crise, desde o interior, o grande