O Risco para Queixas Ginecológicas e Disfunções Sexuais Segundo História de Violência Sexual

Abstract

IntroduçãoA violência sexual contra a mulher é um problema que sempre existiu mas que nos últi-mos anos vem recebendo grande atenção e tem sido considerado como uma anomalia da conduta social. As diferenças de poder entre homens e mulheres e a falta de eqüidade nas relações entre gêneros no âmbito público e doméstico passaram a ser reconhecidas como um atropelo aos direitos humanos, devendo, portanto, ser corrigidas 1 . Foi somente em 1992 que o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas definiu a violência contra a mulher como "Todo ato de violên-cia de gênero que resulte ou possa resultar em dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico da mulher, incluindo a ameaça de ditos atos, a coerção ou privação arbitrária da liberdade, tanto na vida pública como na privada" 2 . Diversos estudos têm mostrado que a maior parte da violência contra a mulher se dá no ambiente doméstico [3][4][5] , e que a violência dentro do lar tende a seguir uma evolução progressiva, que se inicia com violência psicológica/emocional, passa em seguida pela violência física e termina com violência sexual 6 . Em geral, quando se pensa em atendimento à mulher vítima de violência sexual, a preocupação é com o trauma físico e psicológico e com a prevenção de doenças sexualmente transmissí-veis (DST) e da gravidez 7,8 . Mais recentemente,

Violência sexual e associação com a percepção individual de saúde entre mulheres gestantes

“…Most studies have reported an actual health impact or an effect on health perception in the long run among abused women. 3,7,9,13,17 In our study evidenced lower self-perception of physical and mental health status of pregnant women with history of sexual violence were lower if compared to those with no history of abuse. It is often manifested as nonspecific complaints and symptoms of difficult diagnosis mainly because victims may omit the abuse experience as they do not recognize it as a stressor.…”

“…2 Sexual abuse was not characterized as both genital penetration and non-penetration since non-penetrative experiences have similar health consequences. 7,8,14 The limit age of childhood varies in different societies. We set the limit at 14 years old because at this age in Brazil even a consented sexual act is presumably a rape and/or indecent assault.…”

“…12,15,21 Besides an emotional impairment, many authors have associated sexual violence against women to higher rates of somatic complaints such as gastrointestinal disturbances, dyspareunia, dysmenorrhea, chronic pelvic pain, irregular menstrual periods, and other chronic pain conditions. 6,7,9,11 Considering that one's health consists of his/her physical, mental, and social well-being, health-related quality of life of sexually abused women is likely lower than that of women with no history of sexual abuse. 5 In view of the fact that abuse is often suppressed, an active search of a history of sexual violence during routine health care can provide an estimate of the actual cases of abuse and help health team minimizing the physical and mental health consequences arising from this traumatic experience.…”

Violência sexual: procedimentos indicados e seus resultados no atendimento de urgência de mulheres vítimas de estupro

“…Por exemplo, para muitas mulheres a violência praticada pelo seu parceiro não é considerada estupro, aceitando as normas sociais que atribuem ao homem o direito de usar do corpo da mulher ao seu arbítrio 10 . Levando em consideração estas limitações, revisão dos diferentes estudos em vários países desenvolvidos e não desenvolvidos do mundo indica que entre 10 e 35% das mulheres são vítimas de violência sexual alguma vez na sua vida [3][4][5][10][11][12][13][14][15][16][17][18][19][20][21] . A maior parte dos estudos, entretanto, avalia a prevalência de violência sexual em mulheres de 15 a 49 anos, o que significa que há uma mistura de mulheres com pouco tempo de exposição ao risco de ter sido violentada e outras no fim de sua vida reprodutiva.…”

“…Apesar de que a síndrome de estresse pós-traumático e a síndrome do trauma do estupro são relativamente pouco freqüentes, outras seqüelas psicológicas se observam com muita freqüência e podem expressar-se de muitas formas: cefaléia crônica, fadiga, transtornos do sono, pesadelos e transtornos da apetite [60][61][62] . Vários estudos têm mostrado, ainda, que mulheres com história de violência sexual têm maior incidência de alterações menstruais, dor pélvica crônica, dispareunia e disfunções sexuais que aquelas que nunca sofreram esse tipo de violência 10,31,[63][64][65][66] .…”