Religiosidade no contexto médico: entre a receptividade e o silêncio

Abstract

Pesquisa realizada em um programa de hemodiálise de um hospital público universitário do Rio de Janeiro investigou percepções de um grupo de médicos em relação à religiosidade de seus pacientes frente à doença e ao tratamento. Foi usada como base teórica a Teoria das Representações Sociais de Moscovici e a metodologia quali-quantitativa de análise do discurso do sujeito coletivo (DSC). Os discursos revelaram o reconhecimento da presença e da importância das crenças religiosas no contexto da assistência médica, sendo elas valorizadas como um recurso psicológico tanto no enfrentamento das dificuldades da doença e do tratamento, no caso dos pacientes, quanto no enfrentamento das situações difíceis vividas no exercício profissional, no caso dos médicos. Também evidenciaram a existência de dificuldades em conversar sobre o assunto com os pacientes e o silêncio sobre ele entre os colegas médicos. Os resultados encontrados indicam a necessidade de maior elaboração reflexiva sobre o assunto no grupo investigado, carência de maior investimento educacional na formação médica no que se refere às questões religiosas e maior divulgação, entre os médicos, de trabalhos publicados sobre o assunto.

A influência da espiritualidade e religiosidade no cuidado em saúde na percepção de estudantes da área da saúde

“…A agregação no âmbito de religiosidade e saúde possui vínculos históricos: durante a maior parte da história da humanidade, o fascínio, a religião e a cura quase sempre andaram juntos. No entanto, a linguagem médico-científica tem se determinado pela busca da neutralidade e da objetividade, bem como pela indiferença às particularidades culturais presentes no relacionamento com os pacientes, aí incluída a religiosidade (Pinto, & Falcão, 2013).…”

Análise da rotina de estudos de acadêmicos de Medicina de uma Universidade Federal do interior do Ceará

“…A formação médica atual busca considerar o ser humano como ser biopsicossocial, englobando componentes culturais que afetam o processo saúdedoença. Há uma tendência crescente em valorizar os aspectos socioculturais no processo da assistência médica, no qual a crença religiosa pode ser um recurso psicológico para a vivência de situações difíceis abordando pacientes e médicos (Pinto & Falcão, 2014). O levantamento dos dados mostrou que a análise do tempo semanal médio gasto com todas as atividades paralelas ao curso de Medicina foi bem equilibrado, no qual muitos indivíduos indicaram que gastam cerca de 1 a 3 horas por semana (35,4%).…”

Percepção de acadêmicos de medicina sobre a relação entre espiritualidade, religiosidade e saúde / Perception of medical students about the relationship between spirituality, religiosity and health

“…Em virtude da comprovação das pesquisas científicas acerca dos resultados positivos no processo saúde-doença, religiosidade e espiritualidade na saúde do indivíduo tornaram-se temas de discussões cada vez mais frequentes. Ademais, autores atestam que as crenças dos pacientes colaboram para a aderência do indivíduo ao tratamento e para melhores resultados das intervenções 6 .…”