Arenas de cuidado nas interseções entre gênero e classe social no Brasil

Abstract

A passagem das mulheres do trabalho não pago para o trabalho remunerado, desde meados do século XX, como decorrência da reestruturação das economias capitalistas e, sobretudo, do crescimento do setor de serviços, acelerou o processo de desfamilização do cuidado das crianças pequenas, que vai sendo cada vez mais compartilhado com instituições públicas ou privadas. O objetivo deste artigo é examinar como funcionam alguns dos dispositivos de cuidado no Brasil, em particular a família, a legislação trabalhista e a educação infantil, privilegiando a ótica de gênero e classe social. Trata-se de compreender como tais arenas de cuidado influenciam a quantidade e a qualidade da participação das mães no mercado de trabalho.

Mulheres e filhos menores de três anos: condições de vida

“…This contrasts with the rather lower rate (25%) of women, either family heads or not, whose children were not attending an early childhood education institution (Table D in the Appendix). Thus confirming studies that indicate a combination of factors that aggravate poverty conditions, among which: low income, restrict access to health, education and leisure services, and precarious occupation (BRUSCHINI; RICOLDI, 2009;LEONE, 2010;MONTALI, 2012;LIMA, 2013;LIMA, 2008;SORJ, 2004SORJ, , 2013.…”

Uma Análise Generificada de Cuidadoras de Crianças com Desenvolvimento Atípico

“…Os achados de Souza e Mariano (2018) mostram que a presença de cônjuge como fator positivo e, a ausência como fator negativo, não sejam necessariamente uma realidade, pois muitas vezes essas mulheres ainda se sentem sobrecarregadas com o trabalho diário, possuindo pouco apoio do outro. Isso se justifica por estudos como o de Sorj (2013), que discute o fato de que mulheres chefes de família trabalham menos nas tarefas domésticas do que as que tinham um cônjuge.…”

Work, family and public policy changes in latin america: equity, maternalism and co-responsibility

“…13 13 There is an interesting and growing body of literature on the subject for the five countries. For example, for Argentina, see Faur (2011);Faur, Esquivel and Jelin (2012); Gherardi, Pautassi and Zibecchi (2012) and Rodríguez and Pautassi (2014); for Brazil, see Hirata and Araujo Gimarães (2012), and Sorj (2013); for Chile, see Bentancor and De Martini (2012), and Staab (2012) (the latter with an explicit focus on policymaking); for Costa Rica, see Román and Morales (2010); Sauma (2012); for Uruguay, see Aguirre and Ferrari (2014) -focusing strictly on policy adoption-; Batthyany, Genta and Perrotta (2012), and Salvador (2013). Below, we examine the empirical evidence on paid leave for childbirth, early childhood care and education and the rights of paid domestic workers, as cases of sequential, defamilializing and regulatory policies, respectively.…”