Resumo -O objetivo deste trabalho foi avaliar a ocorrência de fungos endofíticos "dark septate" (DSEF) em Oryza glumaepatula, na Amazônia, e sua capacidade de colonização in vitro. Foram coletadas plantas de O. glumaepatula em área de cerrado e de mata em Roraima. As raízes foram tratadas para a observação de hifas melanizadas septadas e de microescleródios. Os fungos foram isolados em meio ágar malte. Os DSEF foram observados em plantas coletadas em ambos os ambientes, com maior colonização nas coletadas da mata. Um isolado foi capaz de colonizar o hospedeiro original e também plantas de Oryza sativa, exibindo as estruturas características de DSEF em plantas de arroz saudáveis.Termos para indexação: Oryza sativa, arroz silvestre, micossimbionte.
Occurrence of dark septate endophyte fungi in Oryza glumaepatula roots in AmazoniaAbstract -The objective of this work was to assess the occurrence of dark septate endophyte fungi (DSEF) in Oryza glumaepatula in Amazonia, and its in vitro colonization capacity. Oryza glumaepatula plants were collected in forest and cerrado areas of the Roraima state, Brazil. The roots were prepared to observe septate melanized hyphas and microesclerotia. The isolation of fungi was done in agar malte medium. Dark septate endophyte fungi were observed in plants from both environments, with higher colonization on those collected in the forest. One isolate was able to colonize the original host and also Oryza sativa plants, exhibiting typical DSEF structures in rice healthy plants.Index terms: Oryza sativa, wild rice, mycossimbiont.Oryza glumaepatula Steud. é uma espécie de arroz silvestre que ocorre no Pantanal Mato-grossense, no Planalto Central e em áreas de várzea da Amazônia (Rangel et al., 2006). A abundante produção de biomassa de plantas sadias em ambientes oligotróficos, em várzeas da Amazônia, indica que essa espécie é capaz de estabelecer associações mutualistas com microrganismos que auxiliam o seu estabelecimento e desenvolvimento.Recentemente, a associação entre espécies de arroz silvestre com bactérias diazotróficas (Zhang et al., 2008) e fungos endofíticos "dark septate" (DSEF) (Yuan et al., 2010) foi relatada. Alguns autores têm sugerido que os DSEF são capazes de estabelecer associações mutualistas com seus hospedeiros, pois atuam como promotores do crescimento vegetal e, principalmente, facilitam a absorção de fósforo e nitrogênio (Chen et al., 2010). Também tem sido observado que os DSEF podem coexistir com fungos micorrízicos e produzir metabólitos capazes de aumentar a germinação, o crescimento e a ramificação de hifas desses fungos, beneficiando a planta hospedeira de forma indireta (Scervino et al., 2009). Porém, diferentemente de fungos micorrízicos arbusculares, os DSEF não são biotróficos obrigatórios, o que facilita seu cultivo em meio de cultura e o desenvolvimento de inoculantes que visem à promoção do crescimento vegetal.