Recebido para publicação em 20/11/85.
INTRODUÇÃOA doença de Chagas humana origina-se basicamente do contato homem-triatomíneo ao nível domiciliar e, mais recentemente, em parcela menor mas não pouco significativa, da transmissão direta do Trypanosoma cruzi homem a homem, via transfusional. Os fatores destas interações apresentam condicionantes múltiplos, dentre os quais se destacam aqueles de natureza sócio-econômica e culturais 22,43,44 . Trata-se de uma enfermidade metaxênica, primitivamente uma enzootia silvestre ampla e difusamente dispersa em toda a América Latina, Na doença humana, os elementos bioecológicos são decisivamente influenciados pelo contexto social, essencialmente problemas enraizados no confronto das classes, no modelo político, nas relações de produção 9 22,43 . No que tange à implantação e expansão da endemia chagásica, tais determinantes são fundamentais num modelo teórico-explicativo que pretenda, em suma, identificar perspectivas de controle 8,12,43 .A paisagem geral das áreas gásicas, hoje, demarca-se precisamente pelos padrões sociais das populações: um espectro de pobreza, de más condições de vida e educação, uma frágil organização política, a doença coexistindo com a fome, a tuberculose, o analfabetismo e as enfermidades de veiculação hídrica, frutos de causas comuns 22 Ao lado disto, a questão concreta de milhões de chagási-cos, em toda a área endêmica, uma parcela significativa já minada pela cardiopatia crônica, inexorável redutora da expectativa de vida. Em tal contexto emerge o controle como ponto crucial, que permeia a própria caracterização do social dos países onde a doença incida, resultante direta, também, dos modelos político-sociais vigentes, numa dependência extremamente desvantajosa desses povos com relação ao primeiro mundo 16 .Uma análise de controle da doença de Chagas envolve múltiplos aspectos e abordagens. A solução completa e defi-