Nos últimos anos descrevemos a existência de células musculares lisas na veia central das suprarenais parasitadas pelo T. cruzfi, o que foi confirmado por Barbosa Jr. e Andrade9. A literatura sobre a doença de Chagas crônica humana, anterior aos estudos citados acima, registra apenas as referências ao parasitismo pelo T. cruzi em células da cortical das supra-renais, feitas por Chagas12 13 14 15 16 17, geralmente citando observações de Vianna43.Em trabalho posterior3 9 mostramos ainda que 55% dos chagásicos crônicos falecidos em decorrên cia de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) apre sentavam leiomiócitos da veia central da supra-renal parasitados pelo T. cruzi. Embora esta cifra seja bastante superior ao que a literatura registra sobre o encontro de parasitas no miocárdio8 23 44 (de 30 a 55% para a veia supra-renálica e de 18 a 36% para o coração), esta diferença pode não ser real por duas razões básicas: a) Os chagásicos nos quais se estuda ram as supra-renais e o miocárdio são diferentes e residiam em locais diversos, por isso as divergências entre nossos dados para as supra-renais e os de Koberle23; Widmer e Azevedo44; Andrade e Andra de® para o miocárdio podem ser interpretadas como Recebido para publicação em 13/12/90. devido a comportamentos variáveis das populações de chagásicos no que se refere à ocorrência de parasitas no seu organismo; b) nossa experiência tem mostrado que a quantidade de tecido examinado influi decisiva mente na freqüência do parasitismo, o que pode ser facilmente compreendido quando se leva em conta que a intensidade do parasitismo dos tecidos no chagásico crônico é, geralmente, baixa, exigindo, às vezes, o exame de centenas de cortes para o encontro de uma única célula parasitada.Tentando esclarecer tais questões'procuramos, em um mesmo grupo de chagásicos crônicos, compa rar a freqüência e a intensidade do parasitismo no parênquima e na veia supra-renálica com o no miocár dio, nos valendo de métodos histométricos. Além disso, utilizando a mesma metodologia estudamos o parasitismo da parede da veia cava, para avaliar eventual tropismo para tecido muscular venoso com concentração mais baixa de hormônios supra-rená-licos.