LITVOC, J. Doença de Chagas como causa básica de óbito na região sudeste do Brasil: presença de causas contributárias. Rev. Saúde Pública, 28: 69-75, 1994. Estudaram-se os atestados de pessoas falecidas no Estado de São Paulo, Brasil, em 1987, cuja causa básica foi a cardiopatia chagásica, com a finalidade de conhecer a informação adicional que está presente no atestado como "causa contributária". Foram analisadas as informações existentes em 1.308 Declarações de Óbito. As causas contributárias foram identificadas e registradas a partir de uma leitura direta do atestado. Foram identificadas 261 Declarações com causas contributárias (20%), sendo 185 com apenas uma causa registrada e 75 com duas. As seis primeiras causas foram: megas, embolias, doença pulmonar crônica, infecções (exceto doença de Chagas), hipertensão arterial e desnutrição. Analisando a presença das causas contributárias no subgrupo de menores de 50 anos e de 50 anos ou mais, constatou-se uma maior proporção no grupo mais idoso e um perfil diferenciado de causas em cada subgrupo. As causas contributárias não apresentaram associação com sexo e local de residência.Descritores: Tripanossomose sul-americana, mortalidade. Causa da morte.
IntroduçãoAs informações procedentes do campo "atestado médico" da Declaração de Óbito têm sido analisadas, no Município de São Paulo, a partir de dois procedimentos: privilegiando-se a "causa bá-sica de morte" , ou utilizando-se de todos os dados registrados no atestado (linhas a, b, c da parte I, e parte II), ou seja, analisando não só a causa básica como também as conseqüências e as contributá-rias . Para ilustrar esses usos pode-se citar, em relação ao primeiro procedimento, o trabalho de Jatene e col. e o da Secretaria de Saúde Municipal de São Paulo , que se utilizaram das informações sobre causa básica de óbito na elaboração de um diagnóstico de situação de saúde do município; na outra linha, pode-se citar a pesquisa de Laurenti , que estudou os óbitos ocorridos em hospitais, em Embora essas duas abordagens não se constituam em posturas conflitantes, elas contêm perspectivas diversas, que merecem ser ressaltadas: ao se trabalhar com "causa básica" está se privilegiando a noção de "cortar no início a cadeia de eventos" 8 que conduziram à morte ou que produziram a lesão fatal. É a idéia de "prevenir a ação da causa precipitante" ; já ao se trabalhar com o conjunto de informações do atestado está se obtendo, segundo Laurenti , dois tipos importantes de informações, ou seja, a freqüência total das causas existentes na população falecida e associação de causas.Esta segunda abordagem coloca também em evidência uma característica importante do processo saúde-doença, que consiste na freqüência com que ocorre a simultaneidade de doenças em uma mesma pessoa; essa simultaneidade é descrita não só nas pessoas falecidas, que são pacientes em geral mais graves, como também nas pessoas atendidas em ambulatórios ou pesquisadas em inquéritos populacionais 1,2,12 . A partir desse contexto, estudaram-se os atestados de pessoas fal...