A má qualidade das informações constantes 11as declaraçõ~s de óbito (DO) reflete diretamente nas estatísticas de mortalidade, pois elas são a sua principal fonte de dados, prejudicando a formulação de programas de promoção de saúde e de prevenção e controle de doenças.O Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/MS), criado pelo Ministério da Saúde, em 1975, visando a melhorar as estatísticas de mortalidade, não conseguiu, ainda, sanar totalmente esse problema, visto que seu primeiro objetivo era o aspecto quantitativo dessas estatísticas. Objetivos. Avaliar o SIM/MS dos pontos de vista quantitativo e qualitativo e testar metodologias simples e uniformes capazes de minimizar suas distorções. Método. O trabalho desenvolveu-se em duas fases: na primeira, avaliaram-se os dados captados pelo SIM/MS quantitativa e qualitativamente, comparando-os com os do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considerando os óbitos de residentes na cidade de Pariquera-Açu, no período de 1979 até 1995. Na fase 2, realizou-se o levantamento dos óbitos ocorridos no segundo semestre de 200 1, no mesmo município, independente do local de residência do falecido, fazendo-se também aanálise quantitativa e qualitativa dos mesmos. Foram investigados os óbitos que apresentavam causa básica nas seguintes categorias: mal definidas (capítulo XVIII da CID-10), diagnósticos incompletos (causas residuais dos capítulos da CID-10), causas externas (capítulo XX da CID-10), presumíveis de AIDS e todos de mulheres entre 1 O a 49 anos, visando detectar causas maternas não informadas. Foram realizadas visitas domiciliárias, consultas a prontuários hospitalares, laudos do Instituto de Medicina Legal e boletins das delegacias de polícia. A partir das informações obtidas dessas fontes, foi elaborada uma DO nova, para cada caso, e comparada com a DO original, a fim de se observar a melhora na qualidade das informações. Resultados. Observou-se pequena diferença na captação de dados entre os dois sistemas (SIM/MS e IBGE), mas a análise qualitativa detectou aumento dos óbitos por causas mal definidas. Na fase 2, dos 288 óbitos ocorridos, 103 satisfizeram aos critérios de seleção. Desses, 10,9% apresentavam, como causa básica na DO, uma causa mal definida, 35,5%, diagnósticos incompletos, 33,6%, causas externas, 2,7%, presumíveis de AIDS e 17,3% eram mortes de mulheres em idade fértil. Dos óbitos mal definidos, em 58,3% foi possível tomá-los bem definidos e daqueles com diagnósticos incompletos, em 59% houve melhora. Para as mortes por causas externas com diagnósticos incompletos, 73,3% passaram a ser bem definidas. Foram descobertas uma morte materna e uma por AIDS. Conclusão. Por meio de técnica simples e acessível, foi possível obter melhora significativa na qualidade das informações, em especial para as causas externas.