2005
DOI: 10.1590/s0034-77012005000100001
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Fazendo pessoas e fazendo roças entre os Panará do Brasil Central

Abstract: RESUMO: Neste artigo, o valor panará de disposição e sociabilidade (suakiin) é contrastado com seu oposto, falta de disposição e retraimento social (suangka), para mostrar como a vida codiana panará é constituída. Caracterizadas como condições físicas, sociais e morais, a disponibilidade intersubjetiva ou a falta de vigor são centrais à criação da socialidade cotidiana entre os Panará. O papel dessas relações afetivas é, então, analisado com base na criação dos filhos e no cultivo de roças, processos que, em d… Show more

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“…E não se trata de um movimento unilateral, da planta para com os humanos, pois os Taurepáng também chamam as mandiocas que plantam de umü, algo como meu filho, minha cria 6 . De fato, o "aparentamento recíproco" entre seres humanos e plantas cultiváveis é patente entre outros povos indígenas, como os Krahô, em que as mulheres estabelecem uma relação de parentesco com as plantas de batata-doce (Morim de Lima, 2017), e os Panará, que desenvolvem um íntimo paralelo entre a concepção e criação dos filhos com o plantio e cultivo do amendoim (Ewart, 2005).…”
Section: A Roçaunclassified
“…E não se trata de um movimento unilateral, da planta para com os humanos, pois os Taurepáng também chamam as mandiocas que plantam de umü, algo como meu filho, minha cria 6 . De fato, o "aparentamento recíproco" entre seres humanos e plantas cultiváveis é patente entre outros povos indígenas, como os Krahô, em que as mulheres estabelecem uma relação de parentesco com as plantas de batata-doce (Morim de Lima, 2017), e os Panará, que desenvolvem um íntimo paralelo entre a concepção e criação dos filhos com o plantio e cultivo do amendoim (Ewart, 2005).…”
Section: A Roçaunclassified
“…Os raros kupen que buscam viver junto aos Apanjekra, compartilhando da vida destes, precisam ser educados, pois não sabem ainda viver como gente: não entendem o que devem dar ou como devem dar, tampouco sabem o que lhes é permitido esperar e receber. Aprender a compartilhar está, para os Jê setentrionais, no cerne do processo de fabricação do parentesco por meio de uma assimilação corporal (COELHO DE SOUZA, 2002SOUZA, , 2004) e da produção de uma intersubjetividade (EWART, 2005(EWART, , 2014 que, ao implicar o reconhecimento da necessidade dos demais, indica o comportamento apropriado frente àqueles com os quais se compartilha a vida.…”
Section: Educando Como Os Brancosunclassified
“…As divisões dificilmente resultarão em quantidades iguais para pessoas diferentes quando as necessidades de cada uma são observadas. A atenção às demandas específicas, que sequer precisam ser enunciadas, é o índice da intersubjetividade que caracteriza a humanidade e o parentesco (EWART, 2005(EWART, , 2014. Distribuir 7 laranjas para cada irmã, sem se importar com qual precisaria de mais alimento, corresponde ao cálculo dos brancos, mas não ao modo apanjekra de se relacionar com os parentes.…”
Section: Educando Como Os Brancosunclassified
“…A este respeito,Beltrame (2013) faz uma observação muito interessante a partir de um estudo etnográfi co da escola Xikrin. No quadro de um exercício de representação gráfi ca da "família" pedida pela professora branca (segundo sua concepção brasileira da família), as crianças haviam desenhado uma casa com um caminho que levava ao jardim.13 Ver, por exemplo,Flowers et al, 1982 e Flowers, 1983Cohn, 2005 e Fisher, 1991Hecht e Posey, 1989 ;Posey, 2002 ; Robert et al, 2012 entre os Kayapó ;Ewart, 2005 entre os Panara, Morin de Lima, 2016 entre os Krahô.…”
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