A arte de descrever: a arte holandesa no século XVII

Abstract

Fruto de longa investigação iniciada em 1975, a obra de Svetlana Alpers, publicada em 1983 pela University Press of Chicago, com título original de: The art of describing, apresenta uma visão fascinante da arte seiscentista produzida nas províncias unidas referidas pelo nome de Holanda, a mais rica dentre elas.A autora desenvolve, com argumentação sólida e muitos documentos, uma análise que amadureceu durante anos de debates com alunos e colegas. Considera o brilho intenso da arte holandesa do século XVII pelo prisma dos aspectos descritivos que chamam a atenção dos observadores, afastando-se das interpretações emblemáticas usuais sobre a arte pictórica holandesa do período. Toma distância, também, em relação aos conceitos de História da arte formulados para explicar a arte do Renascimento italiano, construída, em tema e perspectiva, à medida do Homem.A preocupação central de Alpers, pelo contrário, versa sobre o contexto de produção e de consumo de imagens para um mercado burguês e sobre as circunstâncias peculiares da cultura visual fundamentada em tradições que privilegiam a observação atenta do mundo natural. Não obstante a escassez de documentação textual explicitamente referente ao assunto, suas indagações dizem respeito àquilo que os holandeses pensavam da arte que produziam, colocando em foco, portanto, uma questão essencialmente local.E de fato, Svetlana Alpers afirma e confirma, em diversos momentos da obra, o impacto da influência das idéias de Clifford Geertz 1 sobre os rumos assumidos pela pesquisa iniciada em Harvard, como aluna do Professor Ernst Gombrich. Proclama, por exemplo, a inadequação de

olhar acurado e a descoberta de um “novo mundo” a partir do microscópio

“…Nesse sentido, desenvolveu-se, naquele período, uma nova autoridade: a forma visual de conhecer, muitas vezes, sobrepondo-se à forma textual. Neste estudo, recorremos a essas imagens de época como uma forma de imersão em uma cultura visual, que, de maneira encantadora, acoplou-se à tendência não matemática e observacional do projeto baconiano, diferentemente da arte italiana da mesma época, mais matemática e menos observacional [7].…”

“…Segundo Svetlana Alpers, citando Fromentin [7], "a pintura holandesa não era e nem podia ser senão o retrato da Holanda, sua imagem exterior, fiel, exata, natural, sem nenhum ornamento". Podemos ter essa impressão nos quadros de vários artistas holandeses daquela época, como é o caso da obra A woman drinking with two men (Fig.…”

“…experimentos, e sim experimentar, levar o microscópio de baixo custo até nossos alunos e proporcionar-lhes a oportunidade de experimentar este "novo mundo" de Constantijn; o mundo que não nos é permitido ver a olho nu culturais de seus fabricantes, intermediários, usuários, entre outros. Vale enfatizar que há bastante literatura que pode nos dar suporte para isso [7,8,12,13]. Além disso, não pretendemos que esses instrumentos sejam construídos em sala de aula, pelo menos em um primeiro momento.…”

“…Neste artigo, buscamos fazer isso, ou seja, inserir o microscópio em uma atividade interdisciplinar dentro do curso de Ótica Geométrica para o Ensino Médio, discutindo o contexto histórico no qual a sociedade da época inicia a descoberta de um "novo mundo" visto por meio das lentes. Ou mesmo, como diria Constantijn Huygens (1596-1687), a descoberta de "um novo teatro da natureza" [7].…”