Resumo A exploração de recursos para produção no mercado global tem levado a uma pressão sobre produtores relacionada a premissas do que Guerreiro Ramos (1989) denominou de "sociedade centrada no mercado". Entretanto, nos últimos 30 anos, considerações sociais e ecológicas têm crescido fortemente, como a noção de fair trade ou comércio justo. Buscando fomentar a discussão do comércio justo dentro do campo dos Estudos Organizacionais, identificou-se a possibilidade de estudá-lo a partir da aproximação com o instrumental crítico, analítico e teórico da Sociologia Econômica. Assim, este ensaio teórico especula o comércio justo como uma alternativa às práticas vigentes e uma tentativa de buscar a ressignificação dos valores presentes nas transações comerciais. Buscou-se entender o comércio justo a partir das racionalidades substantiva e instrumental, do entendimento de mercado e, pela proposta das redes sociais e embeddedness. Percebeu-se que o comércio justo não é uma alternativa que por si só altera a situação excludente do mercado dominante, mas sua prática fortalece a formação de um alternativo modelo de desenvolvimento e capital social baseado em relações contratuais de confiança e ações substantivas. A instrumentalização das suas relações e a necessidade de criação de mecanismos utilitários e normativos têm o potencial de enfraquecer as relações densas, minimizar ações substantivas e laços de confiança. Esses desafios devem continuar sendo objeto de estudo, debate e reflexão por praticantes e pesquisadores da área de