O presente artigo, ao tratar da mitologia iorubana e afro-brasileira como tema literário em Deuses de dois mundos”, preocupou-se com uma análise temática e interpretativa da obra, conjecturando acerca das motivações de PJ Pereira para falar sobre as mitologias africanas e, como, nesse processo, o autor optou por modificar, suavizar, amenizar e até mesmo silenciar alguns aspectos, colocando outros em evidencia. Do ponto de vista metodológico partimos das discussões presentes em Michel de Certeau (1982), voltadas ao lugar social, práticas e escrita, como componentes da operação historiográfica. Do ponto de vista teórico dialogamos com Roger Chartier (1990) e os conceitos de apropriação e representação; Sandra Pesavento (2008), sobre os imaginários e as aproximações entre história e literatura; e François Hartog (1999) acerca das retóricas de alteridade.