Introdução: A sífilis é uma doença infectocontagiosa de evolução sistêmica e crônica que ocorre, principalmente, por transmissão sexual, intraútero ou transmissão vertical. Tal patologia pode ser caracterizada como uma ocorrência comum no acompanhamento da atenção primária à saúde. Durante a pandemia de COVID-19, houve um impacto significativo no acesso aos serviços de saúde pela população em geral, seja pelo isolamento social ou pela sobrecarga dos sistemas de saúde. Diante disso, é lógico supor que a união desses fatores gerou um impacto no diagnóstico e na notificação de sífilis no Brasil, assim como é possível que esse panorama irregular tenha provocado alterações no número de casos de sífilis no público gestante, tornando necessários estudos que analisem a dimensão desse impacto, assim como as possíveis consequências desse período. Objetivo: Verificar a relação entre os casos de sífilis adquirida e congênita, no período anterior e durante a pandemia de COVID-19. Metodologia: Trata-se de um estudo ecológico de natureza quantitativa, com abordagem analítica de séries temporais, como também de construção do perfil epidemiológico dos casos de sífilis adquirida e congênita no período de 2017 a 2021. Para isso, foram utilizadas as variáveis: sexo, idade, escolaridade, raça, acompanhamento pré-natal e tratamento. Os dados foram obtidos por meio do acesso aos dados do Departamento de Doenças de Condições Crônica e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde (MS/SVS/DCCI), bem como tabulados em planilha do Excel e representados por distribuição de frequência. Resultados: Diante da análise dos dados da MS/SVS/DCCI observamos uma oscilação do número de casos notificados de sífilis adquirida em 2020 em comparação ao limite temporal anterior, mas no ano subsequente houve um retorno dos números de casos notificados. Curiosamente, não houve impacto aparente no número de casos notificados de sífilis gestacional ou congênita durante o período avaliado. Esses resultados podem estar associados ao fato de que durante o ano de 2020 houve um intenso movimento de isolamento domiciliar, o que pode ter diminuído a busca pelo serviço de saúde entre adultos de forma geral. Em contrapartida, como os serviços de obstetrícia foram mantidos, foi possível continuar diagnosticando sífilis gestacional e congênita sem grandes prejuízos. Em conclusão, esse estudo demonstra que as medidas de isolamento social e diminuição do acesso a saúde ocorridos mais intensamente em 2020 podem ter impactado no número de diagnósticos de sífilis adquirida. Entretanto, em 2021 já foi possível retomar os diagnósticos, demonstrando que houve um retorno do acesso a saúde e cuidado dos indivíduos com sífilis.