ResumoA proposta deste estudo foi desvelar os sentimentos de mulheres com neoplasia em seu ambiente familiar. A estratégia metodológica que o conduziu está fundamentada na abordagem fenomenológica, método que procura desvelar o fenômeno, ou seja, aquilo que se mostra a si mesmo, a partir da linguagem de quem o vivencia. Ao serem interrogadas sobre sua experiência com o câncer, as mulheres expressaram o seu ver, sentir e, viver com a doença. Dos discursos analisados emergiram dois momentos distintos: a sua vivência com o câncer; e a vivência com seus familiares após o diagnóstico de câncer. O estudo fez-nos perceber, que em sua existencialidade cada pessoa reage de formas diferente perante suas vicissitudes, desvelando quanto são dolorosos ou prazerosos os acontecimentos da vida. Descritores: enfermagem oncológica; sentimentos; neoplasias; cuidado
IntroduçãoEm seu cotidiano, a pessoa com câncer convive com transtornos emocionais, cognitivos e comportamentais, condicionados ao fato de sua vida estar, muitas vezes, ligada a uma doença grave. A ameaça que a doença suscita, de incapacidade ou risco de vida, é difícil de ser abarcada emocionalmente, pelo doente. Nesses momentos, a dúvida e a incerteza soterram as esperanças e crenças existentes e, esses seres voltam-se para as pessoas ao seu redor, buscando sempre uma possibilidade de expressar seus temores e sentimentos (1) .Da vivência de uma das pesquisadoras ao desenvolver suas atividades em um ambulatório oncológico, surgiu o interesse pela história de vida desses pacientes, que em muitos momentos, expressavam a necessidade de compartilhar seus sentimentos durante as sessões de quimioterapia. Em face dos relatos emocionados de mulheres ao expressarem as mudanças ocorridas em seus ambientes familiares, em virtude da doença e do tratamento, emergiu o nosso interesse em buscar compreender o sofrimento dessas mulheres nesse seu existir no mundo com câncer, uma vez que, entendemos sua importância no liame enfermagem/ mulher, e mãe/cuidado.Historicamente, a mulher sempre se destacou como um alicerce de sustentação no seio familiar, principalmente no que tange ao cuidado de seus entes queridos. A proteção materna instintiva sempre se destacou no processo de cuidar, sendo considerada por historiadores e antropólogos, como a primeira forma de manifestação do ser humano, no cuidado aos seus semelhantes. Durante o período primitivo e medieval o cuidado aos doentes era praticado por feiticeiros, sacerdotes e, principalmente, por mulheres dotadas de aptidão e que possuíam conhecimentos rudimentares sobre ervas e preparo de remédios. Em vista disto, as mulheres descobriram recursos do meio ambiente e familiarizaram-se com diferentes plantas e a relação destas com o clima, altitude e estações. Através deste conhecimento, elas preparavam infusões de plantas, vinhos, óleos, elixires, e, assim, não apenas utilizavam as plantas como fonte de alimento, mas também se aprofundavam em suas propriedades curativas específicas (2) . Dotada de uma especial capacidade para perceber, sentir ...