ResumoO presente relato refere-se a uma prática assistencial, construída e implementada junto a membros da equipe de saúde de um Serviço de Oncologia e Radioterapia de um hospital geral de grande porte da região leste do Rio Grande do Sul, visando à humanização da assistência. Constituiu-se numa possibilidade de refletir com a equipe de trabalho, acerca da assistência prestada aos clientes à luz das propostas do Sistema Único de Saúde (SUS) e sob a ótica da abordagem humanística e suas propostas metodológicas. Descritores: enfermagem oncológica; educação; equipe de enfermagem; ética
Abstract
IntroduçãoCada vez mais, vivencia-se o aumento significativo das neoplasias malignas. No quadro sanitário brasileiro, esta realidade tem ampliado a discussão sobre o controle desse grupo de doenças, incluindo-as como uma das prioridades em saúde. Apesar de ainda haver áreas obscuras na compreensão da etiologia do câncer, já se tem conhecimentos suficientes para embasar ações de controle capazes de diminuir a sua incidência e mortalidade.A possibilidade de cura do câncer, na maioria de suas formas, está diretamente relacionada à sua extensão, quando é instituído o primeiro tratamento, assim como a qualidade e disponibilidade dos recursos para tratá-lo. No Brasil, as doenças crônico-degenerativas, entre elas o câncer, vêm recebendo atenção caracterizada por ações essencialmente terapêuticas, de alta tecnologia e alto custo, dirigidas a pacientes com doenças sintomáticas e, na maioria das vezes, avançadas. Esta situação, com freqüência é agravada pela falta de definição sobre o caminho a ser seguido pelo paciente, desde a primeira queixa até a confirmação do diagnóstico e o início do tratamento especializado.Assim, a assistência ao paciente oncológico dá mostras de sua complexidade, pois precisa envolver a consideração de múltiplos aspectos, tais como: físicos, psicológicos, sociais, culturais, espirituais e econômicos, bem como os preconceitos e tabus existentes, pois a palavra câncer, ainda, vem carregada da idéia de maldição e morte. Como a maioria dos pacientes tem confirmado o seu diagnóstico somente em fase avançada, além da cura de muitos tipos de câncer ainda não ser possível e como o quadro que grande parte dos pacientes apresenta, geralmente, é doloroso de se ver e acompanhar, os subterfúgios aumentam, decorrendo daí o emprego de termos substitutos ou sinônimos: "a doença ruim", "aquela doença", "tumor", "neo", dentre tantos outros. Ao ser abordada a questão do câncer como uma perspectiva de finitude, pode-se afirmar que se mostra tão ameaçador porque representa não apenas uma ameaça de morte, mas uma tríplice ameaça: de dor física, de mutilação e de morte (1) .
A equipe e a assistência ao cliente com câncerO paciente com câncer não deve ser considerado, apenas, como mais um caso. Nessa perspectiva, precisa ser empreendida uma visão holística e multidisciplinar, buscando compreendê-lo nas suas múltiplas relações para proporcionar uma abordagem profissional humanizada profundamente solidária, geradora não só de saúde,...