Este texto apresenta uma análise sociológica do lazer em condições específi cas, ou seja, do lazer vivenciado por detentos dentro do sistema prisional. Utiliza, como referencial metodológico, uma leitura das categorias habermasianas de mundo da vida e sistemas dirigidos pelos meios poder e moeda, e suas respectivas manifestações nas formas de ação comunicativa ou estratégica. Para efeito deste texto adotamos parte da infl uên-cia weberiana em Habermas no que diz respeito a privilegiar a percepção da racionalidade do sujeito da ação social, embora mediada pela palavra e busca argumentativa, tanto da construção de consensos no meio comunicativo, como da obtenção de um comportamento útil no meio estratégico.A escolha do tema, apesar de inusual, procura atender aos objetivos mais amplos da nossa construção teórica. Há no campo de pesquisa em lazer uma tradição importante que agrega a possibilidade da existência de práticas lúdicas, após a revolução industrial, à liberação do tempo de trabalho. Neste sentido, o lazer é fundamentalmente uma alternativa, ou decorrên-cia, do tempo de trabalho. Este não é um fato isolado, mas se inscreve no cenário mais amplo da vigência do trabalho como categoria macrosociológica determinante, muito presente na Lua Nova, São Paulo, 74: 2008