morte do cientista social Carlos Estevam Martins, aos 74 anos, ocorrida em outubro de 2009, privou a intelectualidade brasileira de uma de suas aves raras. Carlos Estevam era carioca, mas viveu muito tempo em São Paulo, onde construiu sólida carreira acadêmica e política. Talvez por isso tenha aprendido a combinar tão bem o humor, a ironia e o trabalho metódico. Foi daqueles intelectuais de visão abrangente, refinada, avessa a modas, a especializações e a formalidades. Não atuou somente como professor, ainda que sua carreira docente tenha sido brilhante tanto na Universidade de São Paulo (USP) quanto na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Recusou-se a seguir passivamente os cânones da academia, escapando de suas armadilhas e de sua arrogância. Mergulhou no mundo da gestão e da política, atuando durante anos como diretor de projetos da Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap) e sendo Secretário de Estado da Educação por duas vezes, na primeira metade da década de 1990, durante os governos do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Na juventude, trabalhou no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb) e foi um dos fundadores, o primeiro diretor e o redator do manifesto do Centro Popular de Cultura (CPC), da União Nacional dos Estudantes (UNE), criado em 1962. Ali, ao lado de Vianinha, Leon Hirszman e Ferreira Gullar, entre outros, experimentou os caminhos da arte popular. De