O prognóstico das afecções neurológicas depende, em grande parte, da existência, ou não, de lesões do parênquima nervoso e de sua reversibilidade. A avaliação do caráter dessas lesões constitui um dos problemas mais difíceis para o neurologista convocado para opinar sôbre a evolução de processos que acometem o sistema nervoso central (SNC). Em vista disso, em quase todos os campos das ciências neurológicas vêm sendo procurados dados que permitam esclarecer quanto aos caracteres assumidos pelas lesões do parênquima nervoso. No tocante à bioquímica do líquido cefalorraqueano (LCR) já existem elementos capazes de contribuir para a avaliação da intensidade e do caráter das lesões do SNC 16 , destacando-se os conhecimentos sôbre o comportamento das proteínas resultantes da introdução da eletroforese como método de indagação paraclínica 50, 51 .Particularidades do comportamento da globulina beta têm levado a admitir que sua concentração no LCR dependa, pelo menos em parte, do metabolismo do parênquima nervoso 37 , pois tem sido verificado aumento dessa globulina no decurso de afecções degenerativas de tipo primário com sintomatologia predominantemente encefálica. Aumentos no teor de globulina beta também têm sido assinalados em processos de outra natureza, levando a admitir que sejam devidos à superveniência de processos degenerativos secundários 22, 23, 57 .Êste estudo visa a analisar o comportamento da globulina beta no LCR na vigência de certos processos inflamatórios do SNC e/ou de seus envolTese apresentada para concurso à Docência-Livre de Clínica Neurológica na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo: * Médico assistente de Clí-nica Neurológica (Prof. Adherbal Tolosa).Nota do autor -Aos dirigentes e assistentes da Clínica Neurológica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo os nossos agradecimentos pela orientação e pelo apoio que têm dado ao nosso trabalho. Agradecemos também a cooperação do Dr. Günter Hoxter, introdutor da eletroforese em papel em nosso meio.