O tratamento cirúrgico de algumas formas de doenças mentais, pela lobotomia, constitui método terapêutico de eficiência comprovada. Todas as glórias do sucesso desta terapêutica cabem a Egas Moniz, cuja brilhante inteligência tem sido dedicada aos estudos da fisiopatologia dos lobos frontais, desde a realização do Congresso Internacional de Neurologia em Londres, em 1935, até este novo Congresso em que obtém êle os mais brilhantes louros de sua vitória científica.A lobotomia teve seu marco inicial em 12 de novembro de 1935, quando Egas Moniz, em colaboração com o cirurgião Almeida Lima, e o psiquiatra Cid Sobral, empreendeu o tratamento de pacientes psicóticos, pela secção das fibras de ligação do lobo frontal ao tálamo. O resultado favorável foi divulgado imediatamente em varias comunicações resumidas 1 e, em junho de 1936, era publicada uma monografia descrevendo os resultados em 20 casos 2 . Estes trabalhos de Egas Moniz atraíram a atenção da maioria dos psiquiatras e neurocirurgiões de todos os países. No Brasil, a primeira operação foi feita em agosto de 1936, no Hospital de Juqueri, por um de nós 3 que, nessa época, operou 4 pacientes: 3 eram portadores de depressão ansiosa e um de esquizofrenia crônica. Houve duas melhoras temporárias e uma remissão completa que posteriormente recidivou. Estas tentativas não foram continuadas em vista da ausência daquele neurocirurgião que permaneceu em estudos em países estrangeiros até 1942, quando já outros neurocirurgiões principiavam a aplicar o método em nosso meio.