Arq Bras Endocrinol Metabvol 48 nº 2 Abril 2004 326
DEVIDOAOS POUCOS DADOS REFERENTES a nossa população, é de interesse divulgarmos a avaliação funcional e morfológica da tireóide, realizada em pacientes ambulatoriais do Hospital das Clínicas de Botucatu -SP.Foram 75 participantes voluntários, selecionados aleatoriamente e não-diabéticos, não-tireopatas prévios, não usuários de medicamentos, que sabidamente interferem na função tireoidiana, e em bom estado geral. Todos foram submetidos às dosagens séricas de tiroxina livre (T 4 L), tirotrofina (THS) e anti-corpo anti-receptor de TSH (Trab) (quimioluminescência) e anti-corpo anti-peroxidase tireoidiana (TPOab) (RIE) e à ultra-sonografia (US) da tireóide (Toshiba Sonolayer SSH-140 A/G com transdutor de 7,5 MHz). Consideramos o paciente portador de tireopatia quando apresentasse pelo menos dois parâmetros laboratoriais alterados e/ou alteração à US, independentemente da presença ou não de quadro clínico (na maioria ausente).O grupo constituía-se de 50 mulheres e 25 homens, com idade média de 54±12 anos, 82,7% de brancos, 20,0% de tabagistas e 18,7% com pacientes de primeiro grau com tireopatia. Os valores medianos±sq foram: T 4 L: 1,04±0,11 ng/dL (2,7% valores diminuídos); TSH: 1,78±1,14 mU/mL (18,7% valores elevados e 2,7% valores diminuídos); TRab: 3,78±2,53U/L (16,0% resultados positivos); TPOab: 10,96±6,19U/mL (12,2% resultados positivos). O volume total da tireóide variou entre 3,7 e 27,7 cm 3 , com valor mediano de 9,3 cm 3 . O tecido tireoidiano foi predominantemente isoecóico (78,7%). Ocorreram nódulos em 26,7% dos pacientes, dos quais 40,0% eram únicos e hipoecóicos. Em 29 pacientes (38,7%) foi diagnosticado tireopatias. Nestes, a função tireoidiana encontrava-se inalterada, diminuída (66,7% subclínica) ou aumentada (100,0% subclínica) em 51,7, 41,4 e 6,9%, respectivamente. O diagnóstico mais freqüente (18,7%) foi o de bócio nodular atóxico. A tireoidite de Hashimoto ocorreu em 8,0% do grupo, geralmente causando hipotireoidismo.Grupo populacional de pacientes ambulatoriais, sem diagnóstico de diabetes mellitus ou tireopatia prévia, do interior do Estado de São Paulo e constituído predominantemente de mulheres brancas e na 6ª década de vida apresentou valores medianos séricos de parâmetros tireoidianos de normalidade dos métodos. Destaca-se o volume tireoidiano menor que o observado por Hegedüs e cols. (1) em população de Copenhagen (variação de 8 a 33cm 3 , valor mediano de 19cm 3 ) e que é freqüentemente utilizado como valor referencial de normalidade em nosso meio. A diferença verificada deve decorrer de os grupos de estudo serem distintos quanto às características genéticas, clínicas e ambientais (disponibilidade de iodo) e da maior sensibilidade do aparelho de US utilizado em nosso estudo. Tal constatação aponta para a necessidade de se ter padrão(ões) nacional(is) deste parâmetro tireoidiano. A freqüência de tireopatias observada foi elevada, o que impõe avaliação clínica rotineira da tireóide, complementada por dosagem do TSH sérico e da US da tireói...