Crise, explicações alucinatórias e perspectivas de vivência como doente grave de Covid-19: um relato pessoal

Abstract

O presente trabalho constitui uma narrativa das experiências do autor, médico psiquiatra e pesquisador em Saúde Coletiva, referente ao tempo de sua enfermidade de Covid-19, como expressa na própria memória, por meio de recordação, fluxo de consciência, registro de elementos factuais e reflexão crítica. O tempo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) foi esquecido e passou a ser lembrado segundo a lógica da fabulação, alucinatório-delirante. Os fatos temporais e clínicos são os que constam nos prontuários da UTI, da Enfermaria e da Equipe Domiciliar, de posse do autor. Espera-se oferecer à sociedade uma vivência singular de como a Covid-19 nos obriga a pensar o indivíduo, a coletividade e as políticas de saúde, por ocasião da primeira grande pandemia viral do mundo globalizado, que ainda não chegou ao seu termo.

Ações de gerência do cuidado a pacientes com COVID-19 internados em enfermarias: protocolo de revisão de escopo

“…Entretanto, a minoria no quantitativo de doentes, foi significativa devido ao grande número de infectados e possíveis comorbidades associadas (ANVISA, 2021;Brasil, 2021). Esse fato, somado ao alto poder infectante do vírus acarretou em um grande número de doentes graves, com consequente aumento na demanda por leitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) procedendo-se a adequabilidade com conversão de enfermarias e salas cirúrgicas em leitos de UTIs, para que o paciente recebesse os devidos cuidados (Chawla et al, 2021;Sampaio, 2021;Carmona et al, 2020), inclusive, ventilação não invasiva (VNI) também fora das UTIs (Bellani et al, 2021;Franco et al, 2020).…”

“…Com isso, observou-se haver a necessidade de uma melhor infraestrutura de saúde pública e uma melhor colaboração científica internacional no desenvolvimento de vacinas e terapêuticas eficazes (Brust et al, 2022). Uma vez que a pandemia apresentou desafios únicos na esfera de melhoria da qualidade assistencial nos setores hospitalares, destacando-se a necessidade de uma abordagem dinâmica que permitiu adaptações que favoreceram a monitorização de sinais, sintomas e possíveis complicações desta síndrome (Bellani et al, 2021;Chindrippu, et al, 2021;Falcetta, et al, 2021;Sampaio, 2021;Wang et al, 2020).…”