Uso de redes sociais virtuais na vigilância da violência no trabalho sofrida por agentes comunitários de saúde

Abstract

Resumo Introdução: os agentes comunitários de saúde (ACS) são duplamente expostos à violência no trabalho por desenvolverem suas atividades na rua e dentro do domicílio dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Objetivos: identificar casos de violência no trabalho de ACS expressos em uma rede social de convivência virtual, e analisar o uso dessa mídia como fonte estratégica para a vigilância em saúde do trabalhador. Métodos: foram levantadas informações nos sistemas oficiais do Ministério da Saúde e em jornais on-line, postados na fanpage específica da categoria no Facebook, de 2013 a meados de 2017. Resultados: não foram encontrados casos oficialmente notificados pelo Ministério da Saúde (MS), porém encontramos nove registros de violência na fanpage: tentativa de estupro, homicídio, agressão física, assalto, discriminação, ameaça de morte e agressão com arma de fogo. Conclusão: verificou-se o registro de ocorrências de violência no trabalho dos ACS na rede social virtual, indicando novas possibilidades e contextos de expressão de demandas e de comunicação de riscos e agravos à saúde do trabalhador. A fonte mostrou bom potencial para ser utilizada como mecanismo de vigilância à saúde do trabalhador, com ênfase às atitudes desses profissionais frente às violências sofridas e estratégias para seu enfrentamento.

Prevenção e combate à violência ocupacional em profissionais de saúde / Preventing and combating occupational violence in healthcare workers

“…No estudo desenvolvido por Medeiros et al (2020), foram identificados vários casos de violência sofridos pelos agentes de saúde que atuam fora dos espaços físicos das unidades de saúde. Nessa pesquisa, os autores apontam duas medidas identificadas como imprescindíveis para essa categoria: uma política pública de proteção aos agentes que vão para as ruas, e a possibilidade de atuação em dupla.…”

“…É necessário que os estudos desenvolvidos direcionem o olhar para todos os profissionais, sem distinção, pois todos, em condições diferentes, possuem fatores de risco. Medeiros et al (2020) ainda apontam as redes sociais como importante mecanismo de vigilância em saúde do trabalhador para a identificação de casos, pois há relatos de violências sofridas que não foram relatadas aos órgãos competentes. Essa constatação também foi feita pela OMS (2015), que aponta a dificuldade de verificação da verdadeira extensão do problema devido à deficiência de dados.…”

“…Assim, há a recomendação da OMS (2015) para o fortalecimento na coleta de dados-que pode utilizar-se das redes sociais como um suporte na investigação de casos, e da OIT (CIT, 2019) para promover a facilidade no acesso para notificação de casos e resolução de conflitos referentes à violência e assédio. As redes sociais ainda podem ser usadas como meio para o desenvolvimento de ações de promoção e proteção à saúde do trabalhador (MEDEIROS et al, 2020).…”

“…No entanto, há casos em que as violências ocasionadas pela comunidade não são oriundas da insatisfação com os serviços, como no caso das violências sexuais e algumas violências físicas-culminando com homicídio em dois casos, sofridas por agentes comunitários de saúde no estudo desenvolvido por Medeiros (et al, 2020). Portanto, torna-se necessária a análise desses casos para um urgente desenvolvimento de mecanismos de proteção a esses profissionais.…”

“…Enquanto a violência de ordem institucional foi acrescentada devido a uma importante discussão trazida pelos dois estudos que o evidenciam: um estudo sobre os agentes de combate a endemias, desenvolvido por Medeiros et al (2020), e o outro sobre os trabalhadores da enfermagem, desenvolvido por Machado e Silva (2016).…”