Padê Editorial e Nega Lilu: representatividade feminina no mercado editorial independente

Abstract

Resumo Este artigo propõe-se a apresentar algumas considerações sobre duas editoras brasileiras pertencentes ao chamado mercado independente: Padê Editorial, fundada em 2015, e Nega Lilu, em 2013. Primeiramente, destacam-se alguns conceitos importantes para se pensar a cena independente, tais como o de “campo editorial”, de Pierre Bourdieu, e a própria noção de “independência”, ligada à busca por práticas editoriais que priorizam a bibliodiversidade, na busca por alternativas mercadológicas que não coloquem o lucro como principal finalidade. O escopo teórico do artigo está ancorado em John Thompson (2013), Gilles Colleu (2007) e José Muniz Jr. (2016). A seguir, é realizado o estudo de caso das editoras aqui elencadas, ao conferirem visibilidade às mulheres, às mulheres negras e às lésbicas, principalmente, além de estarem situadas fora do eixo Rio de Janeiro-São Paulo, dando visibilidade, ainda, aos autores da região Centro-Oeste, onde estão localizadas. Assim, tais práticas editoriais, que objetivam, inclusive, um apelo estético significativo, acabam por adquirir uma significação política, tornando-se capitais simbólicos primordiais para se pensar (e repensar) o cenário contemporâneo da edição no Brasil.

Underground Artistic-Creative Scenes Between Utopias and Artivisms

“…The same approach can be observed in the option for the constant use of lowercase, both in the name of the publisher and the name of the authors published -a practice made famous by feminist philosopher bell hooks (2022). Pereira and Coutinho (2021) discuss this strategy as a way of deconstructing a literary canon that pays little attention to diversity and the need to give a voice to silenced social groups. The use of lowercase in the name is a way of emphasising the writing and its substance to the detriment of the notion of authorship -an issue related to the concern that a publisher should not be associated with narratives of pain and oppression.…”

“…padê editorial is inscribed in the triple transgression and/or liberation of triple burden of Kilomba (2022): the first burden is the (silenced) voice of women; the second burden relates to the fact that only lesbian women are published; the third burden concerns the focus on black women, who carry in their bodies a triple burden that is not felt by white women. The books of this publisher are therefore deviant geographies that break with the established pattern of the representation of who writes books in Brazil and the stereotypical representation of Brazilian women (Pereira and Coutinho, 2021). The publication of the books is concerned with the place of speech, with silenced voices given a hearing, which appeals to the majority of the publisher's readers, who are members of the LGBTQIA+ and/or black communities.…”