“…Em Todos nós adorávamos caubóis, Julia e Cora como personagens protagonistas desviam do heterocentrismo dos romances brasileiros contemporâneos, a primeira como uma personagem de orientação sexual indefinida, a segunda como uma personagem bissexual. Aliás, tal romance até nas variáveis presentes na pesquisa de Regina Dalcastagnè (2005) não se encaixa perfeitamente. Com exceção de ter sido escrito por uma autora jovem, já que Carol Bensimon, em 2013, ano de lançamento da obra, estava com 31 anos, e da personagem bissexual não aparecer com alguma deficiência física, o livro foge da prerrogativa heterossexual quanto à posição das personagens, pois, além de protagonista, Cora é narradora de sua própria história, e há Julia, também protagonista, então, há um espaço de legitimação para os desejos entre as duas; quanto à faixa etária, Cora e Julia rompem com a centralização da faixa adulta, já que ambas possuem 20 e poucos anos -idade incerta não marcada na narrativa -e se concentram na juventude; por fim, quanto à relação dos bissexuais e doença, em momento algum na narrativa, por exemplo, há estereótipos de ISTs, muito visto em obras que determinam algumas enfermidades a certos grupos, ditos de risco.…”