Parques tecnológicos: entre inovação e renda imobiliária no contexto da cidade do Recife

Abstract

Resumo Em geral, parques tecnológicos são implantados em espaços virtuosos de integração competitiva. É o caso do Porto Digital, situado no Centro Histórico do Recife (CHR) – mais especificamente no Bairro do Recife – e lançado no ano 2000, pelo Governo do Estado de Pernambuco. Para recepcioná-lo, investimentos em infraestruturas vêm, desde então, sendo realizados pelo setor público e imóveis vem sendo recuperados tanto por este setor quanto pela esfera privada. Ademais, para atrair as empresas, incentivos financeiros e fiscais foram e continuam sendo ofertados. Todo esse aparato de recepção/atração vem significando mudanças na dinâmica espacial do mercado imobiliário no CHR, bem como nos preços nele praticado. Frente a tais evidências, o presente artigo tem como objetivo verificar a importância do componente imobiliário do Projeto Porto Digital, inibindo a criação de mecanismos capazes de recuperar a mais valia social proveniente da valorização imobiliária.

Requalificação da zona portuária e uso do espaço público no bairro do Recife, Recife/PE

“…Tal política pública aproveitou as boas condições de infraestrutura urbana do bairro do Recife e contou com a grande oferta de imóveis sem uso para a instalação de suas empresas incubadoras. Decorridos vinte anos de sua criação, o Porto Digital se tornou um importante agente imobiliário do bairro (Lacerda & Fernandes, 2015), ao recuperar imóveis degradados e promover novo uso. Isso posto, nota-se que tal requalificação tem contribuído, em certo sentido e de forma contraditória, para o empobrecimento da sociabilidade urbana no espaço público, ainda que isso não deva ser encarado em sentido estrito, pois o bairro do Recife continua a apresentar forte conteúdo de sociabilidade urbana, apesar dessa tentativa de homogeneização do perfil dos usadores.…”

O dissenso entre atores públicos e privados envolvidos em Parques Tecnológicos em operação no Brasil

“…Com a proposta de promover o desenvolvimento tecnológico local por meio de processos inovativos, os parques tecnológicos são fruto das articulações entre diversos atores públicos e privados, como os poderes locais, empresas, universidades e centros de pesquisa (LACERDA;FERNANDES, 2015;PESSOA et al, 2012;MARQUESINI;ZAMBALDE, 2015;VEDOVELLO, JUDICE, MACULAN, 2006).…”

“…Apesar do recente movimento e experiências brasileiras no campo de criação desses empreendimentos, (ZOUAIN;PLONSKI, 2006) alguns benefícios são destacados na literatura como: a boa infraestrutura oferecida pelos parques, a estimulação à inovação empresarial e à gestão do conhecimento decorrentes da parceria entre empresas e academia (HANSEN et al, 2012;HOBBS;LINK;SCOTT, 2017;LAIMER, 2015;LACERDA;FERNANDES, 2015), o desenvolvimento de vínculos entre diferentes organizações (HERVÁS-OLIVER; ALBORS-GARRIGOS, 2009), de forma a identificar interesses comuns que podem levar a projetos conjuntos (GUILLAIN;HURIOT, 2001).…”

“…Esse crescimento leva a crer que tanto o setor privado quanto o público vislumbram benefícios na criação dos parques tecnológicos no Brasil, como a boa infraestrutura oferecida pelos parques; a estimulação à inovação empresarial decorrente da parceria entre empresas e academia (HANSEN et al, 2012;LAIMER, 2015;LACERDA;FERNANDES, 2015), o desenvolvimento de vínculos entre diferentes organizações (Hervás-Oliver e Albors-Garrigos, 2009; VÁSQUEZ-URRIAGO, BARGE-GIL, RICO, 2016) relacionamentos sustentáveis entre as partes interessadas, redução nos custos de transação, vantagem competitiva, boa reputação e agregação de valor no produto ou serviço (CHILD, FAULKNER;TALLMAN, 2005;DYER;SINGH, 1998;TENCATI;ZSOLNAI, 2009).…”

Institutional, inter-organizational, and financial factors in science parks: a study from the perspective of collaborative governance

“…Science parks are now a reality in Brazil. Aimed at promoting local development through innovative processes, science parks result from collaborations among various public and private actors, such as local governments, businesses, universities, and research centers (Lacerda & Fernandes, 2015;Pessoa, Brito, Muniz & Souza, 2012;Tonelli, Marquesini & Zambalde, 2015;Vedovello, Judice & Maculan, 2006). Although research on science parks has advanced in Brazil, especially regarding their potential to promote local development, further studies will improve the understanding of the subject, particularly through the lens of specific theoretical approaches, such as those helping to understand how to articulate the relationships established among heterogeneous actors.…”