Este artigo tem como objetivo analisar a luz dos conceitos elaborados por Michel Foucault os efeitos produzidos na saúde mental de servidores de um Tribunal de Justiça da Região do Nordeste do Brasil que atuaram na modalidade laboral de Teletrabalho no contexto da pandemia de COVID-19. Estudo qualitativo, com diretrizes cartográficas, conduzido através de entrevistas narrativas individuais e analisadas a partir do aporte teórico da arque-genealogia Foucaultiana. Os resultados mostraram que as narrativas dos participantes evidenciaram que o teletrabalho advindo da pandemia de COVID-19 revelaram marcas da biopolítica vigente ao estimular no indivíduo a gestão sobre sua vida e a responsabilização por sua saúde física e mental. As pressões vividas através de produtividade e vigília foram recorrentes, revelando os efeitos produzidos em uma desorientação emocional como o sentimento de solidão, esgotamento mental, pânico, ansiedade e depressão. Os efeitos não foram apenas sentidos de uma forma negativa, todos produziram saberes a partir destas relações de poder frente aos mecanismos de governamentalidade, com atitudes de ressignificação e transformação em suas narrativas. Foram usadas atitudes positivas no cuidado-de-si, tais como: imposição de limites, administração do tempo pessoal, familiar e profissional, bem como o cuidado com a saúde física e mental.