Políticas Públicas de Fomento à Leitura no Brasil: uma análise (1930-2014)

Abstract

RESUMO Este trabalho analisa a trajetória dos programas federais de fomento à leitura e à literatura no Brasil. Para tanto, investiga o período que compreende desde a criação do Ministério da Educação e Saúde Pública (1930), que inaugurou as ações de propagação da leitura, até o PNBE, mais abrangente e dispendioso programa de envio de acervos literários às escolas públicas no Brasil (1997-2014). A nossa proposta circunscreve-se na perspectiva de que o livro não é um objeto neutro (Chartier, 1990). Seu cerceamento, em um país marcado por profundas desigualdades sociais, pode revelar os interesses de quem se apropria dos discursos (Foucault, 1996). O estudo de sua história é, portanto, revelador desses interesses.

O cuidado com a escrita e a leitura para uma educação filosófica na escola

“…Com a abertura democrática no Brasil, tivemos um incremento das políticas de fomento à leitura, destacando-se o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) como o maior programa em aportes financeiros, que atravessou três diferentes governos, tendo sido criado em 1997 (CORDEIRO, 2018). O Programa contava com a distribuição de acervo literário, material de apoio didático e atualização profissional v. 29, n. 3, Passo Fundo, p. 901-920, set./dez.…”

“…Além desses apontamentos, é importante salientar o quanto as políticas públicas de fomento à leitura vêm sendo desmontadas em nosso país e o quanto as escolas públicas estão desabastecidas (CORDEIRO, 2018). Além da extinção do PNBE em 2017, houve a inclusão de livros literários no Plano Nacional do Livro Didático, mudando substancialmente a qualidade das produções.…”

Gestão de uma biblioteca escolar: Avaliação dos atores envolvidos / School library management: Evaluation of the actors involved

“…Possibilita, com o envio de acervos que as bibliotecas escolares tenham as estantes nutridas. Do mesmo modo, favorece que estudantes de escolas públicas, crianças, jovens e adultos, se apropriem das diferentes representações presentes nos livros, em diálogo com as próprias histórias de vida(CORDEIRO, 2018).Danasceno e Mesquita (2014) citam que a utilização dos serviços da biblioteca podem ser agrupados da seguinte maneira: a)infraestrutura/acervo: quantidade, qualidade, disponibilidade e atualidade de todo o acervo; ambiente (ventilação, iluminação, acústica, entre outros) propício ao estudo e à pesquisa; e equipamentos que possibilitem o acesso às informações; b) acesso/divulgação: horário de funcionamento da biblioteca, facilidade de obter acesso aos diversos materiais que compõem o acervo e divulgação dos serviços que são oferecidos pela biblioteca aos usuários; c) incentivo à leitura; e d) hábito de leitura: hábito que o usuário possui de ler e se o mesmo tem o costume de comprar ou baixar livros e revistas pela internet.Diante do exposto sobre a otimização da biblioteca escolar, a avaliação dos discentes respondentes nas questões: A biblioteca seria melhor se... e Usaria mais a biblioteca se... confirmam o que foi colocado, em que a maioria pontuou que a biblioteca seria melhor se tivesse maior acervo (livros internacionais, cult, mangá, ficção científica, mais atualizados, de aventura, de terror, histórias em quadrinhos, física quântica...) e climatização e espaço (espaço, mais ventiladores, climatizada, ar condicionado...); e usariam mais a biblioteca se tivesse ar condicionado, fosse mais espaçosa e tivesse mais livros, revistas, jogos, filmes, demonstrando, deste modo, a importância da infraestrutura/acerco para melhoria da qualidade dos serviços oferecidos pela biblioteca escolar.Diante do exposto, caminha-se para a conclusão, em que alunos, apesar da baixa frequência, docentes e núcleo gestor classificaram a biblioteca da escola lócus da pesquisa como ótima e essencial para o processo de ensino-aprendizagem. Destaca-se que este estudo nunca estará, de fato, concluído, pois cada escola é um contexto, e dentro de cada escola, todos os anos, os contextos são alterados, em virtude das mudanças que os diferentes fatores e o tempo imprimem.Contudo, aponta-se que os objetivos propostos foram alcançados, tendo em vista que a biblioteca de escola pesquisada foi avaliada por discentes, docentes e núcleo gestor.Os primeiros classificaram os serviços oferecidos como ótimos, apesar da baixa frequência, e apontaram melhorias, como otimização do espaço e ampliação do acervo; o segundo grupo, composto pelos docentes, também expôs classificação similar, destacando como ótimo o funcionamento e a contribuição da biblioteca para o contexto escolar, no entanto, evidenciou que a oferta de formações e mais eventos incrementariam as atividades da escola.…”

Literatura infantil de temática étnico-racial na produção acadêmica do século XXI

“…Em 1984 houve a primeira iniciativa com a criação do Programa Nacional de Salas de Leitura (PNSL), que tinha como proposta a construção de salas de leitura e, em seu primeiro triênio de existência (1984, 1985 e 1986), entregou cerca de 4.131.049 títulos para 33.664 escolas. Em 1988, o programa muda de nome e passa a ser Salas de Leitura/Bibliotecas Escolares, ampliando suas ações na construção também de bibliotecas escolares (CORDEIRO, 2018).…”

“…A proposta do programa era articular três níveis de ensino em um mesmo programa, ou seja, alunos e professores do Ensino Fundamental, os professores em formação e os pesquisadores. Suas ações aspiravam estimular a prática leitora na escola pela criação, organização e movimentação das salas de leitura, cantinhos de leitura e bibliotecas escolares (CORDEIRO, 2018). O programa foi extinto quatro anos depois.…”