“…É nessa toada que corpos femininos e dissidentes aparecem interpelados através de inúmeros registros, problematizando uma das bandeiras caras dos feminismos branco e liberal, a ideia de autonomia do corpo, noção cara às sociedades modernas, informadas pelos valores do individualismo, liberdade, igualitarismo e indivisibilidade do corpo (DUARTE, 2003;HEILBORN, 2004;SALEN, 2006;LOWENKRON, 2015). Assim, os artigos mostram diferentes situações nas quais os limites de uma concepção atomizada e singular do corpo são esgarçados diante da necessidade de mediação e negociação com os outros sujeitos, sejam eles parceiros sexuais, profissionais da medicina, das políticas de governo e das relações de parentesco (FERNANDES, 2017;FERNANDES;RANGEL;DÍAZ-BENÍTEZ;ZAMPIROLI, 2020). Essa perspectiva aberta e relacional do corpo vem sendo atravessada por governos populistas de direita, extrema direita e fascistas que chegaram ao poder nos últimos anos em diversas partes do mundo, como é o caso brasileiro desde a posse de Jair Bolsonaro, em 2019.…”