2020
DOI: 10.1590/1984-6487.sess.2020.35.07.a
|View full text |Cite
|
Sign up to set email alerts
|

O Luxo do Futuro. Idosos LGBT, teleologias heteronormativas e futuros viáveis

Abstract: Resumo Analiso neste texto as narrativas de um interlocutor - Maurício, 62 anos, gay, negro, cisgênero, classe média-baixa - sobre os impactos do surgimento no Brasil das noções de “idosos LGBT” e “velhice LGBT” em suas expectativas (individual e coletiva) de futuro e concepções sobre o curso da vida. Tal exame, retomando a noção de teleologias heteronormativas, lança luz sobre dinâmicas mais amplas relacionadas a transformações contemporâneas na velhice, à produção de subjetividades e ao processo de constitui… Show more

Help me understand this report

Search citation statements

Order By: Relevance

Paper Sections

Select...
3
1
1

Citation Types

0
0
0

Year Published

2022
2022
2024
2024

Publication Types

Select...
2
1

Relationship

0
3

Authors

Journals

citations
Cited by 3 publications
(6 citation statements)
references
References 13 publications
(6 reference statements)
0
0
0
Order By: Relevance
“…Esse cenário, assim, parece marcado por uma "velhice desamparada" e pela afirmação de que a lida com a estigmatização relacionada às identidades sexuais e de gênero dissidentes contribuiria para uma probabilidade maior de redes de apoio social frágeis, assim como para um risco superior de isolamento na velhice, quando em comparação à população abrangente. De acordo com a literatura, isso ocorreria, entre outras razões, porque: a) no passado, muitas pessoas LGBTIQs não se casaram ou não tiveram filhos, e isso diminuiria as suas redes de apoio social e de cuidado na velhice (apesar da existência, em muitos casos, de "famílias de escolha" e de configurações familiares alternativas); b) muitas(os) possuíram relações conflituosas ou rompidas com suas famílias de origem, após expulsões e violências baseadas em homofobia, lesbofobia ou transfobia, e essa falta de apoio, desde cedo, diminuiria a eventual ajuda de parentes mais tarde na vida; c) muitas(os) também perderam um grande número de amigas(os) e de apoiadoras(es) durante a eclosão da crise epidêmica do HIV/Aids, e isso teria afetado suas redes de apoio social baseadas nas "famílias de escolha" e nas amizades; d) uma parcela significativa estaria imersa no contexto das "comunidades LGBTIQs", as quais seriam apontadas na literatura, em termos gerais, como valorizadoras da juventude em detrimento do envelhecimento e da velhice; e) a literatura também tende a afirmar que, ao acessarem as redes públicas e privadas de saúde, muitas pessoas LGBTIQs na velhice se defrontariam com preconceitos e violências institucionais que as fariam "voltar ao armário", no caso de gays e lésbicas, ou mesmo "se desfazerem de" ou "ocultarem" suas identidades de gênero, no caso de pessoas transexuais, transgênero ou travestis (HENNING, 2020a(HENNING, , 2020b(HENNING, , 2020c.…”
Section: O Desenvolvimento Da Gerontologia Lgbtunclassified
See 4 more Smart Citations
“…Esse cenário, assim, parece marcado por uma "velhice desamparada" e pela afirmação de que a lida com a estigmatização relacionada às identidades sexuais e de gênero dissidentes contribuiria para uma probabilidade maior de redes de apoio social frágeis, assim como para um risco superior de isolamento na velhice, quando em comparação à população abrangente. De acordo com a literatura, isso ocorreria, entre outras razões, porque: a) no passado, muitas pessoas LGBTIQs não se casaram ou não tiveram filhos, e isso diminuiria as suas redes de apoio social e de cuidado na velhice (apesar da existência, em muitos casos, de "famílias de escolha" e de configurações familiares alternativas); b) muitas(os) possuíram relações conflituosas ou rompidas com suas famílias de origem, após expulsões e violências baseadas em homofobia, lesbofobia ou transfobia, e essa falta de apoio, desde cedo, diminuiria a eventual ajuda de parentes mais tarde na vida; c) muitas(os) também perderam um grande número de amigas(os) e de apoiadoras(es) durante a eclosão da crise epidêmica do HIV/Aids, e isso teria afetado suas redes de apoio social baseadas nas "famílias de escolha" e nas amizades; d) uma parcela significativa estaria imersa no contexto das "comunidades LGBTIQs", as quais seriam apontadas na literatura, em termos gerais, como valorizadoras da juventude em detrimento do envelhecimento e da velhice; e) a literatura também tende a afirmar que, ao acessarem as redes públicas e privadas de saúde, muitas pessoas LGBTIQs na velhice se defrontariam com preconceitos e violências institucionais que as fariam "voltar ao armário", no caso de gays e lésbicas, ou mesmo "se desfazerem de" ou "ocultarem" suas identidades de gênero, no caso de pessoas transexuais, transgênero ou travestis (HENNING, 2020a(HENNING, , 2020b(HENNING, , 2020c.…”
Section: O Desenvolvimento Da Gerontologia Lgbtunclassified
“…Dessa forma, o giro pragmático na gerontologia LGBT se mostra especialmente expressivo no entrecruzamento da gerontologia com os campos da saúde pública, da psicologia e do serviço social norteamericanos. Em um momento de maior institucionalização e de profissionalização do campo, enfrentar e administrar os problemas dos envelhecimentos de pessoas LGBTIQs (HENNING, 2017(HENNING, , 2020a(HENNING, , 2020b) passa a ser um objetivo maior. Isso envolveria, entre outras questões: auxiliar a conseguir moradia a preços acessíveis, fomentar a formação de cuidadores de idosos com "competência cultural" para lidar com diversidade sexual e de gênero, contribuir para a criação de uma agenda de combate ao preconceito por idade "intra e extracomunidades…”
Section: O Desenvolvimento Da Gerontologia Lgbtunclassified
See 3 more Smart Citations