O protagonismo na linguagem na mediação familiar judicial

Abstract

RESUMO:Este artigo analisa, no âmbito da Linguística Aplicada e em uma perspectiva interacional, a fase denominada "historiando o conflito", uma das cinco fases identificadas pelo grupo de pesquisa Interação em Contextos Institucionais como recorrentes em uma entrevista de mediação. Este trabalho analisa como o mediador e as partes em desacordo negociam os espaços para que o conflito possa ser elaborado, trabalhado e transformado por aqueles que procuram a Justiça para resolverem suas questões familiares. A análise de dados reais de fala-em-interação mostra que a formulação, a reformulação e a coconstrução das narrativas são a forma central de ação dos atores no contexto estudado, sendo a construção de suas identidades realizada por meio da linguagem. Por fim, tal como postulam os manuais do direito e por meio do estudo das narrativas, analisamos o empoderamento e o exercício de protagonismo por parte dos entrevistados. PALAVRAS-CHAVE: mediação; fala-em-interação; narrativas; conflito; empoderamento.ABSTRACT: This article analyzes, in the scope of Applied Linguistics and in an interactional perspective, the phase called "Historicizing the Conflict", one of the five phases identified by the research group Interação em Contextos Institucionais as recurrent in a mediation interview. This research analyses how the mediator and the parties in disagreement negotiate the spaces so that the conflict can be elaborated, worked through and transformed by those who seek * pcgago@letras.ufrj.br ** priscila_1803@hotmail.com 1 Este artigo liga-se à bolsa de produtividade de pesquisa CNPq 311057/2015-2 do primeiro autor.

O programa de treinamento e de gestão de qualidade do mediador judicial e o direito fundamental de acesso à justiça

“…Segundo pesquisa de Gago & Sant'Anna (2017), a comunicação incentivada pela mediação, identificada como nãoviolenta, é essencialmente protagonista nos acordos familiares durante processos judiciais, à vista de que no decorrer das fases da sessão de mediação a comunicação procura identificar as necessidades e diferenciá-las do sentimentalismo exacerbado, promovendo espaço para que as partes exponham os interesses de forma total e compreendam a objetividade da resolução. A narrativa exposta pelos participantes de um caso revela o direcionamento que o mediador deve utilizar para que seja alcançada não só a sensação de resolução justa e eficaz para ambos litigantes, como também na transformação da comunicação fragmentada existente no núcleo familiar em um diálogo claro, aberto e que funcione como ferramenta na harmonia decisória da família.…”