A agrobiodiversidade é resultante da relação entre o ser humano com o meio ambiente, aliando-se no desenvolvimento de uma comunidade juntamente com as pesquisas etnobotânicas, em que essas pesquisas auxiliam nos levantamentos de espécies para uso farmacêutico, além de questões culturais e econômicas da população. Objetivou-se realizar um estudo etnobotânico de plantas medicinais como parte do conceito de agrobiodiversidade, em uma comunidade de agricultoresfamiliares e pescadores artesanais da Vila de Boa Esperança, no município de São João de Pirabas, Pará. Foram feitas entrevistas semiestruturadas e estruturadas, com a aplicação de questionários, além da observação sobre a flora local. Para a realização das estimativas, foi obtida a frequência de uso de cada espécie em ecossistemas de capoeiras e quintais, e agrupadas de acordo com a classificação de doenças da Organização Mundial da Saúde. Nos quintais, foram registradas 113 espécies medicinais distribuídas em 47 famílias botânicas. Nas capoeiras, foram registradas 50 espécies distribuídas em 25 famílias botânicas. O Pião branco obteve a maior frequência de uso nos quintais com 44,83%, e, nas capoeiras, o Barbatimão, Pau de cavalo e Verônica tiveram os mesmos valores de frequência, com 93,10%. A maioria das plantas utilizadas como medicamentos destinava-se para o tratamento de doenças infecciosas e parasitárias. As folhas foram a parte da planta mais usada como remédio. Dessa maneira, os estudos etnobotânicos tenderam a resgatar os conhecimentos da comunidade de Boa Esperança, e a conservar as espécies medicinais que se encontram em quintais e capoeiras, visando ao desenvolvimento sustentável da região.