<p>A figura do vaqueiro, cantada em verso e prosa, representa para além da tradição um ícone da conquista dos sertões nordestinos. Homem forte que desbravou as áridas terras e vegetação da caatinga à procura do gado que se perdia nos sertões. Associada à figura do vaqueiro, tem-se as competições de vaquejadas, práticas culturais destacadas na região Nordeste do Brasil. Tais práticas se modificaram ao longo do tempo, contudo, o vaqueiro ainda representa esta identidade para a região. Considerando abordagens etnográficas, objetivou-se com este estudo identificar no saber de vaqueiros quais recursos foram e são normalmente utilizados para tratamento dos animais e dos próprios vaqueiros quando estes sofrem lesões ao se exporem à vegetação xerófita e com espinhos. A técnica aplicada foi a de entrevistas abertas e livres, em que os atores sociais tiveram liberdade em expressar sua vida no campo, aplicando-se posteriormente um questionário, utilizado com a finalidade de coletar dados sociais dos entrevistados. Os resultados apresentados revelaram que os vaqueiros têm um saber apreendido à medida em que exercem seus ofícios e fazem uso de plantas, animais e outros recursos para tratar suas lesões, bem como dos animais que se machucam durante a pega do boi. Entre as plantas mais citadas, destacam-se: <em>Mimosa tenuiflora</em> (Willd.) Poir (jurema-preta) e <em>Pilosocereus gounellei</em> (A. Webwr. ex K. Schum.) Bly. ex Rowl. (alastrado). A banha de <em>Rhinella jimi</em> (Stevaux, 2002), “sapo cururu”, é citada como cicatrizante pelos entrevistados. Com base na abordagem da pesquisa é possível perceber que o ofício de vaqueiro ainda é muito presente e bastante representativo região Nordeste do Brasil.</p>