Abstract:Artigo recebido em 03/09/2013 e aceito para publicação em 03/12/2013.
RESUMO:É fato a relevância da análise sistêmica na pesquisa geográfica, levando em consideração a necessidade do entendimento das relações e dinâmica entre a sociedade e a natureza. Nesta perspectiva, o presente trabalho constrói um debate entre os conceitos de ecossistema e geossistema, objetivando apresentar a entidade geossistêmica como conceito ímpar para a análise da dinâmica ambiental no âmbito geográ-fico. O tema subsidiou a ciência g… Show more
“…Esse princípio também está presente nas ciências ambientais, cujos estudos compreendem os conflitos socioambientais e a gestão dos recursos naturais (LATOUR, 1994), na busca por maior sustentabilidade. Para entender esses sistemas de interações que ocorrem em determinado local, nas ciências ambientais, é utilizado do estudo da paisagem (NEVES et al, 2014), que apresenta similaridades a Teoria Ator-Rede ao realizar uma simetria dos componentes que constituem esse local.…”
Section: Resultsunclassified
“…Devido à necessidade de especialização de disciplinas, a ecologia passou, com maior veemência a partir de 1974, a estudar a relação entre os seres vivos e desses com o ambiente, com certo grau de isolamento do ser humano. A pesquisa sobre os sistemas de relação, da biologia, recebeu acréscimo da geografia, originando a ecologia da paisagem, onde se inclui o ser humano como parte do ecossistema (NUCCI, 2007), aproximando do conceito de geossistema no estudo da paisagem (Quadro 1) (NEVES et al, 2014). Os sistemas de interação podem ser mais fechados pelas suas propriedades e distâncias ou mais abertos, em que as dinâmicas desses provem dos fatores naturais e fatores antrópicos territorialidade e atividade econômica (SANTOS, 2003;GUERRA;SOUZA;LUSTOSA, 2012).…”
A sociedade e natureza não se encontram separadas. A desconsideração dos limites naturais em atividades humanas tem causado crises socioambientais. Compreendendo que natureza e sociedade criam o ambiente, estudos que dialoguem com esses aspectos devem ser integralizados, como o estudo da paisagem, das ciências ambientais, e a Teoria Ator-Rede, do escopo da área interdisciplinar da Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), fazem. O presente estudo tem por objetivo comparar os métodos e aplicações do estudo da paisagem e da Teoria Ator-Rede para demonstrar como a CTS pode estudar interações socioambientais. A Teoria Ator-Rede é capaz de avaliar a relação entre sociedade e natureza, porque uma rede é criada quando atores, humanos e não-humanos, atuam uns sobre os outros. Os atores humanos representam a sociedade, enquanto os atores não-humanos a natureza, tecnologia, artefatos e outros. O estudo da paisagem compreende que um local pode ser avaliado pelo potencial ecológico ou aspectos físicos e químicos; exploração biológica ou composição e influências dos seres vivos; e ação antrópica ou transformação dos elementos naturais por sociais ou tecnológicos. Esses aspectos do estudo da paisagem estão compreendidos no Sistema Geossistema-Território-Paisagem, onde geossistema compreende principalmente os dois primeiros, território todos os três e paisagem, apenas o último. O GTP do estudo da paisagem e Teoria Ator-Rede são similares pois os diversos componentes do ambiente podem ser considerados atores, enquanto o ambiente pode ser percebido como uma rede. São precisos mais estudos para abrangência de outros tópicos da CTS quanto a interações socioambientais.
“…Esse princípio também está presente nas ciências ambientais, cujos estudos compreendem os conflitos socioambientais e a gestão dos recursos naturais (LATOUR, 1994), na busca por maior sustentabilidade. Para entender esses sistemas de interações que ocorrem em determinado local, nas ciências ambientais, é utilizado do estudo da paisagem (NEVES et al, 2014), que apresenta similaridades a Teoria Ator-Rede ao realizar uma simetria dos componentes que constituem esse local.…”
Section: Resultsunclassified
“…Devido à necessidade de especialização de disciplinas, a ecologia passou, com maior veemência a partir de 1974, a estudar a relação entre os seres vivos e desses com o ambiente, com certo grau de isolamento do ser humano. A pesquisa sobre os sistemas de relação, da biologia, recebeu acréscimo da geografia, originando a ecologia da paisagem, onde se inclui o ser humano como parte do ecossistema (NUCCI, 2007), aproximando do conceito de geossistema no estudo da paisagem (Quadro 1) (NEVES et al, 2014). Os sistemas de interação podem ser mais fechados pelas suas propriedades e distâncias ou mais abertos, em que as dinâmicas desses provem dos fatores naturais e fatores antrópicos territorialidade e atividade econômica (SANTOS, 2003;GUERRA;SOUZA;LUSTOSA, 2012).…”
A sociedade e natureza não se encontram separadas. A desconsideração dos limites naturais em atividades humanas tem causado crises socioambientais. Compreendendo que natureza e sociedade criam o ambiente, estudos que dialoguem com esses aspectos devem ser integralizados, como o estudo da paisagem, das ciências ambientais, e a Teoria Ator-Rede, do escopo da área interdisciplinar da Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), fazem. O presente estudo tem por objetivo comparar os métodos e aplicações do estudo da paisagem e da Teoria Ator-Rede para demonstrar como a CTS pode estudar interações socioambientais. A Teoria Ator-Rede é capaz de avaliar a relação entre sociedade e natureza, porque uma rede é criada quando atores, humanos e não-humanos, atuam uns sobre os outros. Os atores humanos representam a sociedade, enquanto os atores não-humanos a natureza, tecnologia, artefatos e outros. O estudo da paisagem compreende que um local pode ser avaliado pelo potencial ecológico ou aspectos físicos e químicos; exploração biológica ou composição e influências dos seres vivos; e ação antrópica ou transformação dos elementos naturais por sociais ou tecnológicos. Esses aspectos do estudo da paisagem estão compreendidos no Sistema Geossistema-Território-Paisagem, onde geossistema compreende principalmente os dois primeiros, território todos os três e paisagem, apenas o último. O GTP do estudo da paisagem e Teoria Ator-Rede são similares pois os diversos componentes do ambiente podem ser considerados atores, enquanto o ambiente pode ser percebido como uma rede. São precisos mais estudos para abrangência de outros tópicos da CTS quanto a interações socioambientais.
“…Sendo assim, somente é possível estabelecer a ocorrência de uma área de exceção quando são analisados os resultados das interações entre os vários componentes que perfazem sua fisiografia. Ao aplicar o método geossistêmico ao estudo dos brejos de altitude, voltado à sua tipificação como tal, é mister aplicar uma hierarquização das variáveis que constituem sua paisagem física (NEVES et al, 2014). Com base nessa premissa, é aceitável buscar inicialmente a característica fisiográfica dominante, qual seja aquela que se impões sobre a organização espacial e funcional das demais, que no caso dos brejos de altitude do semiárido geralmente é o próprio relevo e, subordinadamente, o clima.…”
Section: Uma Breve Relação Entre Os Brejos De Altitude E a Visão Sistunclassified
Brejos de altitude são áreas de exceção climato-edáfico-ecológicas inseridas no domínio semiárido do Nordeste do Brasil, apresentando uma variação paisagística bastante expressiva. Suas peculiaridades mesológicas, quando comparados com o entorno e entre si, têm despertado o interesse de pesquisadores tanto para fins de caracterização quanto de planejamento, uma vez que essas áreas possuem valor ambiental e econômico expressivos no contexto semiárido brasileiro. Neste sentido, o objetivo desse trabalho é reunir e discutir as principais características fisiográficas já estabelecidas para os brejos de altitude. Foram consultados periódicos, teses, dissertações, livros e relatórios técnicos que se propuseram a definir e caracterizar os brejos de altitude nordestinos. Ao final, foi possível contabilizar um total de 10 áreas classificadas como enclaves, bem como definir os atributos fisiográficos que as definem. Essas características geraram um quadro síntese que permitiu a realização de uma análise comparativa a partir dos elementos descritivos identificados em cada obra consultada.
“…Esses equívocos podem ter contribuído para o menor crescimento da utilização do mesmo no cenário geográfico brasileiro (MENDONÇA, 1989) e para uma dificuldade de amadurecimento. Por este motivo, essa teoria é considerada inacabada (PASSOS, 2003) ou em construção (NEVES, et al, 2014).…”
Section: Pressupostos Hipóteses Críticas E a Necessária Ressignificunclassified
Os legados teórico-metodológicos sobre geossistema utilizados por pesquisadores brasileiros tem se resumido, de uma forma geral, a três artigos publicados na década de 1970 (BERTRAND, 1971; SOCHAVA, 1977, 1978), especialmente o artigo do geógrafo francês Georges Bertrand, intitulado “Paisagem e Geografia Física Global: esboço metodológico”, traduzido e publicado em 1971, o qual desde então apresentou-se enquanto bibliografia básica em muitos programas de pós-graduação no país. A proposta mudou expressivamente a forma de uma geração de geógrafos entenderem a noção de paisagem, bem como as conexões existentes entre a sociedade e a natureza. Entretanto, o resumido conhecimento do legado de Bertrand tem prejudicado o entendimento de sua evolução conceitual, dificultando a utilização teórico-metodológica do geossistema junto aos estudos ambientais na geografia. Nesse cenário, objetiva-se entender a evolução epistemológica do autor, que encontra-se dividida em quatro momentos históricos, que abarcam o período de 1959 a 2014, a fim de reconhecer sua evolução conceitual e encontrar subsídios ao desenvolvimento de uma outra perspectiva de geossistema, pensada para a realidade brasileira e aplicada junto ao planejamento ambiental de interface, enfim, uma perspectiva do “geossistema complexo” criado a partir de uma “epistemologia de campo”.
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