Desafios da Intersetorialidade na Implementação de Programa de Prevenção ao Uso Abusivo de Drogas

Abstract

Resumo: Este artigo possui como objetivo conhecer as percepções dos profissionais e gestores da saúde e educação sobre os desafios da articulação intersetorial para a implantação de um programa de prevenção ao uso de drogas. Faz parte da avaliação de processo de um projeto maior de avaliação de programas preventivos baseados em evidência em procedimento de adaptação para a realidade brasileira. Com base em uma abordagem qualitativa, teve delineamento exploratório e descritivo, envolvendo entrevistas semiestruturadas e grupos focais com 18 profissionais e gestores dos setores da educação e saúde do município de Florianópolis, envolvendo três escolas e três unidades básicas de saúde. Utilizou-se análise de conteúdo para o tratamento dos dados. Os resultados indicam que os profissionais perceberam que a necessidade de criar estratégias conjuntas de intervenção para a implementação do programa foi algo positivo, que contribuiu para a aproximação da saúde com o espaço escolar, indicando que a ação conjunta possibilitou ampliar o cuidado às famílias que procuravam a UBS e facilitou o acesso integral aos educandos. Os entrevistados identificaram, por outro lado, algumas dificuldades para a atuação conjunta, tais como o atravessamento de questões políticas, a personalização das relações intersetoriais, as dificuldades para se compreender o significado de intersetorialidade na prática cotidiana dos serviços e as excessivas demandas cotidianas de trabalho que impedem o envolvimento dos profissionais em novos projetos. O desafio da implementação conjunta de ações no programa preventivo mobilizou os setores e pode significar um estímulo à aproximação intersetorial para se debruçar sobre o complexo tema dos problemas relacionados ao uso de drogas.

Trabalho em Rede e a atuação de prevenção ao uso de drogas com adolescentes: uma revisão integrativa

“…Partindo desses achados e tendo em vista o objetivo dessa revisão, analisar o trabalho em rede desenvolvido com adolescentes para a prevenção ao uso de drogas na produção científica de artigos no contexto brasileiro; os artigos foram organizados em dois eixos temáticos: Compreensão dos atores sobre drogas e seus impactos no trabalho em rede (Cordeiro et al, 2016;Peres et al, 2017;Henriques et al, 2018) e Diagnóstico de programas com enfoque no trabalho em rede (Almeida et al, 2011;Passos et al, 2016;Silveira & Campos, 2016). Essa divisão foi realizada tendo em vista os enfoques apresentados nos artigos, sendo primeiros com objetivos ampliados de compreender a perspectiva de diferentes atores acerca do trabalho realizado e o segundo buscando avaliar programas específicos.…”

“…Esse eixo é composto por artigos que investigaram a percepção de diferentes autores acerca do trabalho realizado em relação ao uso de drogas entre os adolescentes. A saber, professores (Cordeiro et al, 2016), profissionais e gestores da educação e da saúde (Peres et al, 2017) e pais ou responsáveis de crianças e adolescentes que fazem uso de drogas (Henriques et al, 2018). Embora os aspectos anteriormente apontados fossem percebidos em ambas as escolas investigadas, os professores expuseram a problemática de maneira diferente a depender da escola onde foi realizado o grupo focal.…”

“…Esse fator, acerca da importância da integração entre comunidade e escola, também é apontado por Sudbrack (2019) quando apresenta a proposta teórico-metodológica da Escola em Rede. Peres et al (2017) ao analisarem as percepções de profissionais e gestores da saúde e educação sobre a articulação intersetorial identificaram por meio das entrevistas realizadas com os profissionais do município de Florianópolis -SC, fatores importantes e limitantes para a realização do trabalho intersetorial. Como fatores importantes e que facilitam a realização de trabalho intersetorial destaca-se: a disponibilidade dos profissionais para a implantação de novas atividades, flexibilidade, desejo de fazer além das tarefas rotineiras já estabelecidas e a presença de pessoas sensíveis, engajadas e com perspectivas críticas da realidade.…”

“…Como fatores importantes e que facilitam a realização de trabalho intersetorial destaca-se: a disponibilidade dos profissionais para a implantação de novas atividades, flexibilidade, desejo de fazer além das tarefas rotineiras já estabelecidas e a presença de pessoas sensíveis, engajadas e com perspectivas críticas da realidade. Peres et al (2017) também apontam como aspectos limitantes questões políticas, personalização das relações, dificuldade de compreender o significado de intersetorialidade, demanda de trabalho excessiva, falta de profissionais e falta de receptividade de um setor para outro. Acerca desses fatores, as autoras sinalizam que um aspecto que pode ser pontuado como relacionado a essas dificuldades é o conflito existente entre as secretarias municipais que parecem enfraquecer o laço de relação entre educação e saúde.…”

Perfil, produção e avaliação de participantes das Américas e África em uma especialização sobre drogas

“…Sabe-se que a intervenção em âmbito escolar e acadêmico já revela caminho promissor em prol da redução do consumo e/ou maior conscientização sobre as drogas e seus efeitos (5)(6)(7) , porém há necessidade de capacitação dos profissionais que vivenciam o fenômeno das drogas em seu cotidiano, em especial daqueles que atuam na área da saúde, seja no processo de formação/ graduação ou na condição de profissional inserido nos serviços que atendem tais demandas (8) , como preconizado pela Lei nº 11.343/2006, que rege a política pública sobre drogas (9) . Para isso, estratégias vêm sendo estabelecidas em articulação com universidades e órgãos governamentais, visando o fortalecimento de ações que promovam investimentos em pesquisas e treinamentos na área de álcool e/ou outras drogas (10)(11)(12) .…”