Características da Atuação do Psicólogo na Proteção Social Especial em Santa Catarina

Abstract

Resumo A atuação de psicólogos em um sistema que preconiza a garantia dos direitos sociais da população exige deste profissional a compreensão de fatores políticos, sociais e econômicos que determinam as condições de vida das famílias e indivíduos atendidos no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), diretamente relacionadas às situações que produzem as violações de seus direitos. O presente trabalho objetivou caracterizar o trabalho dos psicólogos no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) em Santa Catarina, além de descrever as percepções sobre a atuação do psicólogo nestes dispositivos. Pesquisa exploratória-descritiva, fez uso de métodos mistos. Os dados quantitativos foram coletados a partir da consulta ao CadSUAS. Os dados qualitativos foram obtidos de entrevistas semiestruturadas com 18 profissionais de seis Creas. Foram utilizadas estatísticas descritivas para a análise dos primeiros dados e análise de conteúdo para o trabalho com os segundos. Foram identificados 464 psicólogos cadastrados nos 83 municípios que possuem Creas em Santa Catarina. Quase metade dos profissionais possuem cadastro ativo no Creas e em outros dispositivos da Assistência Social ao mesmo tempo. O vínculo de trabalho mais prevalente entre os psicólogos é o de servidor estatutário, porém 17% possuem vínculos precarizados. O papel do psicólogo vem se consolidando na direção do atendimento psicossocial, ao migrar de um modelo clínico tradicional, herança do Programa Sentinela, dentro outras raízes, para uma atuação mais integrada na equipe interdisciplinar e ação intersetorial, com foco na atuação social comunitária. Desafios se impõe para a formação e para a luta contra a precarização das condições de trabalho, visando a qualificação dos serviços da Psicologia na proteção social.

Contribuições para uma Formação em Psicologia Integrada à Política de Assistência Social

“…Em virtude da interiorização da profissão, os serviços socioassistenciais têm sido uma opção pelo aumento cada vez maior de empregabilidade nessa área entre profissionais da psicologia (Lima & Schneider, 2018). Podemos dizer que há dois sistemas que são estatalmente regulados e que se tornam, via de regra, nossos empregadores mais significativos, a saber: o Sistema Único de Saúde (SUS) e o SUAS (Oliveira & Costa, 2018).…”

Apreensão do Sofrimento do Adulto Ofensor Sexual em Intervenção Psicossocial: Uma Etnografia

“…Uma das formas de se apreender esses e outros aspectos clínicos, envolvidos na ofensa sexual de crianças e/ou adolescentes, é por meio da observação durante a prática clínica (Marshall, 2001;Marshall et al, 2006). A prática clínica envolve apreender a experiência dos sujeitos utilizando-se da fala e da escuta qualificada como ferramenta que resultará na Apreensão do Sofrimento do Adulto Ofensor Sexual em Intervenção Psicossocial: Uma Etnografia compreensão da expressão do sofrimento dos sujeitos (Costa & Penso, 2010;Lima & Schneider, 2018). Costa e Penso (2010) destacam que a prática clínica, em uma perspectiva psicossocial, deve compreender o contexto econômico, social, político e cultural no qual o indivíduo vive.…”

Bem-estar no trabalho de psicólogos atuantes nos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS) de Minas Gerais: a influência das condições para a criatividade no trabalho

“…Entretanto, trata-se de um campo permeado de contradições, que oscila entre a garantia de direitos e a manutenção de velhas práticas. E essa ambiguidade e incerteza afeta diretamente o psicólogo que historicamente tem lacunas na sua formação profissional quanto ao trato da questão social (Leão et al, 2014;Lima & Schneider, 2018).…”

“…Documentos oficiais não garantem a gestão dos municípios, muito menos a competência profissional para o exercício em condições totalmente adversas. Para tanto, é importante o olhar crítico dos profissionais que atuam na área e da articulação entre a prática e a produção de conhecimento (Lima & Schneider, 2018;Senra & Guzzo, 2012).…”

“…É preciso que se construa não somente novas metodologias, mas que se reflita criticamente acerca da própria atuação profissional do psicólogo num cenário de profundas desigualdades sociais. Não só aos profissionais atuantes na área, como também às entidades responsáveis pela formação, pela regulamentação e pela pesquisa a construção desses novos saberes e fazeres (Lima & Schneider, 2018). E, são estudos como este, que contribuem na produção de conhecimento de uma área que é destaque internacional.…”