O currículo escolar de Geografia é um tema complexo e de grande importância, não apenas para a própria Geografia, mas também para outras ciências.Dentre seus múltiplos aspectos inter-relacionados destaca-se seu aspecto ontológico, que, em nosso entender, encontra na disciplina escolar Geografia um importante contributo para a dinâmica hegemônica do modo de produção capitalista por estimular uma relação estranhada entre a sociedade e o espaço. Esta investigação é desenvolvida sob a orientação metodológica do materialismo histórico-dialético, ou seja, parte de pressupostos reais, que são os homens em seu processo de desenvolvimento real, em condições determinadas e empiricamente visíveis. Por seu turno, ao longo de sua história, o ensino de Geografia escolar pautou-se pela preocupação em consolidar o distanciamento entre o sujeito e o espaço. Em primeiro lugar, cabe discutir a tradição filosófica concernente ao desenvolvimento da ontologia, partindo desde os gregos até as formulações ontológicas marxistas. No momento seguinte, toda essa fundamentação filosófica serve de substrato teórico para a abordagem da questão curricular e realizamos uma abordagem de currículo pelo prisma marxista de Antonio Gramsci. Por fim, realizamos um estudo acerca dos principais momentos de organização e estruturação da questão curricular no país, desde o período colonial até o final do século XX. Neste sentido, a partir do século XIX concentramos nosso olhar na disciplina escolar Geografia, justamente para encontrar as raízes ontológicas que marcam esta disciplina. Assim, torna-se mister uma reorganização curricular do ensino de Geografia com vistas a permitir que o espaço seja compreendido enquanto produto da ação de transformação humana e, consequentemente, segundo o pensamento marxista, como transformação de si.