Imagem-performada e imagem-atestação: o documentário brasileiro e a reemergência dos espectros da ditadura

Abstract

A reivindicação da memória da Ditadura Civil-Militar no cinema brasileiro contemporâneo se intensifica. Este artigo retoma documentários da década de 1980, ideias e autores já explorados anteriormente para se ater à discussão do uso de depoimentos e imagens da época da ditadura na produção audiovisual recente e ainda seu modo de assumir performativamente a falta - de documentos, de memória, de imagens. Uma longa viagem e Que bom te ver viva (ambos de Lucia Murat), entre outros, serão analisados a partir dessas questões.

“Colocando a Mooca na moda”

“…Numa sociedade que se tornou visual antes de tudo (Martins, 2011), a imagem fotográfica é objeto de reflexão de várias tradições heterogêneas e entrecruzadas de pensamento. A dimensão da construção consciente e visível da prática fotográfica é ressaltada por Benjamin (1985) na reprodutibilidade técnica e por Barthes (1984), que a define na interação entre o Operator (o fotógrafo), o olhar do Spectator (o público que lê a fotografia), cuja leitura é mediada pelo "afeto médio", o studium e pelo suportar do Spectrum (aquele que é fotografado).…”

Quarentena E Home Office Sem Pijama: Cognição Do Vestuário E O Poder Das Roupas Sobre a Autoimagem E a Produtividade

“…Concomitantemente à expansão dessas profissões, a indústria da moda cresceu: empresas passaram a atender diferentes públicos consumidores em busca de cativá-los com fatores racionais (como preço e caimento da peça) para apoiar sua decisão de compra e com questões emocionais, incluindo esforços para construir marcas fortes, oferecidas a públicos consumidores que sintam que necessidades básicas e aquelas relacionadas com identificação e pertencimento a determinado grupo sejam atendidas (MARTINS, 1993;NEVES, 2000).…”

A vida cotidiana em artefatos da memória

“…Quando ficou pronto, tão lindo, fizemos uma festa junina no quintal de casa, para que eu pudesse usar o vestido. (RELATO 7, Miracema/RJ, 2011).Tratando da utilização da fotografia pelo homem comum,Martins (2008) afirma que as imagens produzidas negam o cotidiano, mesmo sendo produzidas "nos" cotidianos. São imagens produzidas "no" cotidiano e "contra" o cotidiano: o fotografado se veste Próximos aos desenhos de dois vestidos, algumas participantes inseriram textos escritos, talvez uma tentativa de oferecer um registro complementar às suas narrativas.…”