A midiatização em perspectiva crítica

Abstract

Resumo O artigo propõe uma revisão crítica da literatura europeia em midiatização, especificamente a vertente socioconstrutivista. O objetivo é evidenciar que as pesquisas aglutinadas nessa corrente têm frequentemente desconsiderado as contradições que permeiam o fenômeno da midiatização por idealizarem as transformações socioculturais decorrentes dele. São recuperados os principais argumentos de autores que abordam o conceito em perspectiva micro, meso e metaprocessual, assinalando suas lacunas teórico-metodológicas e indicando outras chaves investigativas para apreender as ambivalências que atravessam as sociedades saturadas de mídia.

Hegemonia e engajamento em contexto de midiatização e plataformização

“…Para o propósito deste artigo, vamos nos ater à perspectiva crítica. Thales Lelo (2021), André Jansson (2017) e Francisco Rüdiger (2015) realizam contribuições relevantes para debatermos a midiatização em perspectiva crítica. Thales Lelo (2021) questiona o que considera uma tendência na perspectiva socioconstrutivista dos estudos sobre midiatização em superestimar a agência humana com relação ao uso das tecnologias na resolução de problemas sociais, pontuando que as interações midiatizadas podem apresentar dinâmicas que reiteram processos de exploração, intolerância e discriminação.…”

“…Thales Lelo (2021), André Jansson (2017) e Francisco Rüdiger (2015) realizam contribuições relevantes para debatermos a midiatização em perspectiva crítica. Thales Lelo (2021) questiona o que considera uma tendência na perspectiva socioconstrutivista dos estudos sobre midiatização em superestimar a agência humana com relação ao uso das tecnologias na resolução de problemas sociais, pontuando que as interações midiatizadas podem apresentar dinâmicas que reiteram processos de exploração, intolerância e discriminação. Se a corrente socioconstrutivista privilegia as transformações das práticas interacionais em consonância com o espraiamento midiático, não se pode negligenciar, como sugere Lelo (2021) propondo uma "dialética da midiatização" (p. 12), as contradições sociais, os processos de exploração e injustiça que permeiam o universo sociocultural.…”