MedicinaCopyright Rego et al. Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que o trabalho original seja corretamente citado.Resumo Objetivo: Descrever o perfil do estudante de Medicina e a sua repercussão na trajetória acadêmica. Método: Foi realizado um estudo transversal e descritivo através da aplicação de questionário a estudantes do curso de Medicina do segundo ao quinto semestre do curso, com coleta de dados no período de outubro de 2017 a fevereiro de 2018. Resultados: Participaram 154 alunos, sendo 50,6% do sexo masculino e com média de idade de 21,5±3,0 anos, observando-se que 30% considera seu desempenho regular e 37,5% moram em casa alugada ou cedida por terceiros, ao passo que a grande maioria mora distante da Universidade (61%), utiliza transporte público coletivo (70,1%) e relatam queixas relacionadas à má qualidade do sono (74,7%), bem como dificuldade em frequentar as aulas (39%). Destaca-se que 30,9% possui renda familiar de 1 a 3 salários mínimos, sendo que a maioria não exerce trabalho remunerado (94,2%). Conclusão: Conclui-se que as condições socioeconômicas já não são, universalmente, aquelas das classes mais altas da sociedade, o que pode ajudar a compreender as dificuldades enfrentadas por vários estudantes.Descritores: educação médica; classe social; fatores socioeconômicos; desempenho acadêmico. Summary Purpose: To describe the medical student profile and its repercussion in the academic trajectory. Methods: A cross-sectional descriptive study was done, using a survey that medical students from the second to the fifth semester answered it. The data was collected from October 2017 to February 2018. Results: 154 students with the average age of 21.5±3.0 years old participated on the survey; 50.6% of them were men, 30% consider their achievement regular, 37.5% live in rented houses or lent by third parties, most of them live far from the university (61%) and use public transportation (74%), 39% report difficulties to attend the classes. We highlight that 30.9% are from families that their monthly revenue is 1 to 3 minimum salaries. Conclusion: We conclude that the socio-economic conditions today are not those of the highest classes of the society, what may help us to understand the difficulties faced by several students.
IntroduçãoEm geral, os cursos de Medicina apresentaram por muitos anos um perfil predominante de estudantes: sexo masculino, de classes sociais mais elevadas, provenientes de grandes centros urbanos 1 . Entretanto, atualmente percebe-se uma mudança neste perfil, em especial nas instituições públicas, relacionadas a mudanças nos processos de admissão, como ações afirmativas e sistemas de cotas, visando ampliar o acesso às instituições públicas de ensino superior. Estas mudanças trazem consigo a necessidade de conhecimento sobre possíveis novas variáveis, a fim de moldar o ensino médico a novos modelos educacionais mais adequados à situação...