Políticas educacionais no Brasil: desfiguramento da escola e do conhecimento escolar

Abstract

O texto discute a repercussão das políticas educacionais em vigência no Brasil nas concepções de escola e de conhecimento escolar e sua incidência na constituição de desigualdades educativas na sociedade. É utilizada a metodologia da análise de conteúdo de documentos oficiais e oficiosos do Banco Mundial e do Ministério da Educação, visando a identificar políticas para a escola e orientações curriculares, as quais estariam levando à desfiguração das funções emancipadoras do conhecimento escolar. O texto defende o acesso aos conhecimentos culturais e científicos como meio de promoção e ampliação do desenvolvimento dos processos psíquicos superiores dos alunos, em estreita articulação com suas práticas socioculturais e institucionais, e como condição de superação das desigualdades educativas.

A Política Do Tablete Educacional No Ensino De Inglês Em Escolas Do Estado Do Paraná

“…A inevitabilidade e benefícios das TIC parecem estar subjacentes às preconizações de órgãos transacionais 4 , que reforçam percepções pró-TIC que podem nos levar a ignorar suas implicações práticas e situadas no contexto educacional. Libâneo (2016), ao considerar as políticas educacionais e suas relações com tais órgãos, defende que No âmbito das políticas oficiais, a pesquisa tem mostrado que as políticas educacionais aplicadas à escola nas últimas décadas têm sido influenciadas por orientações dos organismos internacionais, as quais produzem um impacto considerável nas concepções de escola e conhecimento escolar e na formulação de currículos (LIBÂNEO, p.40, 2016).…”

A língua brasileira de sinais na educação de surdos: língua de instrução e disciplina curricular

“…A educação é um fenômeno dinâmico, histórico e socialmente construído. Assim como Sacristán (1998a), Libâneo (2016) faz uma crítica aos rumos que a educação têm tomado. Diferente de uma perspectiva que leva em conta preocupações de ordem psicológica trazida pelo primeiro, Libâneo (2016) aponta que a educação brasileira tem sido influenciada por relações de poder em perspectivas nacionais e internacionais, de modo que a concepção de escola e da função que ela deve exercer acabam sendo descaracterizadas.…”

“…Assim como Sacristán (1998a), Libâneo (2016) faz uma crítica aos rumos que a educação têm tomado. Diferente de uma perspectiva que leva em conta preocupações de ordem psicológica trazida pelo primeiro, Libâneo (2016) aponta que a educação brasileira tem sido influenciada por relações de poder em perspectivas nacionais e internacionais, de modo que a concepção de escola e da função que ela deve exercer acabam sendo descaracterizadas. Segundo Libâneo (2016, p. 40-41), Estudos recentes indicam, por exemplo, que uma das orientações do Banco Mundial é a institucionalização de políticas de alívio da pobreza expressas numa concepção de escola como lugar de acolhimento e proteção social, em que um de seus ingredientes é a implementação de um currículo instrumental ou de resultados.…”

“…Tais políticas trazem junto o desfiguramento da escola como lugar de formação cultural e científica e, em consequência, a desvalorização do conhecimento. Libâneo (2016) faz uma crítica ao que ele chama de "currículo instrumental ou de resultados", afinal afirma que ele é "desprovido de conteúdos culturais e científicos significativos e da formação do pensamento" (p. 57). O que nos interessa destacar é que ambos os autores, apesar de partirem de pontos distintos, acabam discutindo a questão da desvalorização da função da escola, do conhecimento que nela circula e, também, do papel do professor.…”

“…Nota-se que a perspectiva adotada pelo autor é bem semelhante ao que Michael Young defende em suas produções e que abordaremos com mais profundidade ainda neste capítulo. Sacristán (1998b), Libâneo (2016) e Moreira (2007) não objetivam desvalorizar ou reduzir a importância de se considerar a cultura dos alunos durante o ensino, afinal isso é "indispensável" nas palavras de Moreira (2007). No entanto, afirmam que a escola tem uma responsabilidade com o conhecimento científico e isso não pode ser esquecido ou deixado de lado.…”