Densidade racial e a situação socioeconômica, demográfica e de saúde nas cidades brasileiras em 2000 e 2010

Abstract

RESUMO: Introdução: A densidade racial ainda não foi explorada nos estudos sobre desigualdades raciais no Brasil. Este estudo identifica categorias de densidade racial para as cidades brasileiras e descreve a situação de vida e saúde nessas categorias nos anos dos Censos Demográficos de 2000 e 2010. Método: Estudo ecológico em que a informação de cor/raça nos dois últimos censos foi usada para calcular a densidade racial (proporçãode pessoas do mesmo grupo racial) nas cidades brasileiras em cada ano. Criaram-se quatro categorias de densidade racial (parda; mistos, mas com maioria negra; branca; e mistos, mas com maioria branca).Paraquais foram descritos indicadores socioeconômicos, demográficos e de saúde. Resultados: As categorias de densidade racial captaram desigualdades importantes ao longo dos censos e apontaram a permanência de piores condições de vida e saúde nas cidades formadas por pardos e mistos, mas com maioria negra, e melhores onde predominaram brancos. As cidades predominadas por pardos e mistos, mas com maioria negra, em relação às demais, apresentam, nos dois censos, estrutura etária mais jovem, piores índices de desenvolvimento humano, maior vulnerabilidade social, concentração de renda, mortalidade infantil e prematura (< 65 anos) e menor esperança de vida de seus moradores. Discussão: Semelhantemente a outros países, a densidade racial espelhou desigualdades na situação de vida e saúde no Brasil, bem como defasagem temporal entre suas cidades. Conclusão: As categorias de densidade racial podem contribuir para os estudos sobre a epidemiologia social e sobre as relações raciais no país.

COVID-19 in Brazilian cities: Impact of social determinants, coverage and quality of primary health care

“…Regarding socioeconomic indicators, cities with greater social inequality or less development had a higher number of diagnosed COVID-19 cases. It is known that high social inequality is accompanied by worse socio-demographic and health conditions for the most vulnerable social classes [23]. Often, populations under considerable social vulnerability do not have several resources or appropriate living conditions, such as access to piped water in their homes, an adequate number of people per household and economic stability.…”

Intersection of Race and Gender in Self-Reports of Violent Experiences and Polyvictimization by Young Girls in Brazil

“…The socioeconomic inequalities in race/skin color groups reported by our findings, as well as their geographic distribution across regions, in which black and indigenous girls are in greatest proportion in the North and Northeast regions, are aligned with the literature on race and class in Brazil. Black and indigenous populations have been historically overrepresented in the lowest SES groups and in the poorest regions of the country, with stronger indicators of economic inequality and segregation for women [ 33 , 34 ].…”

Association Between Socioeconomic and Demographic Characteristics and Non-fatal Alcohol-Related Injury in Maringá, Brazil

“…Some explanations to this results could be attributed to the effects social/ethnic discrimination leading to alcohol misuse and risk behavior (4,45,46), lower socioeconomic status and social disadvantages such as access to highly concentrated alcoholic drinks during binge drinking episodes (e.g., spirits), and greater poverty or inequitable health care treatment (40,45,(47)(48)(49). Blacks, in Brazil, have been consistently suffered from lower quality healthcare and higher mortality, indicating a strong need for an active and enforced public health agenda toward this minority group (38,(49)(50)(51)(52)(53)(54). Individual facets of socioeconomic status, such as income, educational level, and employment, are important determinants of alcohol use and associated harm (4,55).…”